A saúde ocular deve ser motivo de preocupação para a população feminina. O alerta é do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que em homenagem ao Dia Internacional da Mulher (8 de março), lembra da importância do diagnóstico e tratamento precoces de problemas que podem implicar em perda parcial ou total da visão. A CBO ressalta para a prevalência de determinadas doenças em mulheres, já que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), representam dois terços das pessoas cegas em todo o mundo.
Segundo a OMS, as principais razões por trás desse cenário são questões socioeconômicas, como as diferenças educacionais; e a desigualdade financeira em relação aos homens, fator que pode dificultar o acesso a unidades de saúde e a aquisição de medicamentos, lentes e óculos. Além disso, outros aspectos colaboram para essa predominância, como: expectativa de vida maior, tabagismo, exposição à radiação ultravioleta, deficiência de vitamina A e distúrbios metabólicos, como o diabetes.
“Mulheres tendem a viver mais do que os homens e, por isso, enfrentam mais doenças da senilidade do olho, como catarata, degeneração macular relacionada à idade e glaucoma. Ainda há estudos que apontam, por exemplo, que o diabetes e, consequentemente, o acometimento ocular é mais frequente no sexo feminino. Além disso, é importante destacar que obesidade, alimentação pouco saudável e falta de exercícios são fatores que podem afetar a saúde geral dos olhos”, declara Denise de Freitas, coordenadora da Comissão Mulher do CBO e professora associada do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, detalha alguns desses fatores de risco.
Maior risco
A catarata merece destaque neste cenário, já que, segundo o documento “As condições da saúde ocular no brasil 2019”, elaborado pelo CBO, a perda da capacidade laborativa por essa doença é mais frequente nos países em desenvolvimento do que nos industrializados. Além disso, as mulheres estão em maior risco do que os homens, por terem menor acesso aos serviços de saúde.
A proporção de cegueira devido à catarata, em relação a todas as outras doenças oculares, varia de 5%, na Europa Ocidental, América do Norte e nos países mais desenvolvidos da Região Oeste do Pacífico; a 50% ou mais, em regiões mais pobres.
O fator hormonal é mais um grande desafio para a saúde ocular feminina. Já que questões como gravidez, pílulas anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal e menopausa podem influenciar neste quesito.
“Essas alterações hormonais podem alterar a qualidade do filme lacrimal e causar a síndrome do olho seco, altamente prevalente na mulher. Além disso, é importante lembrar que durante a gravidez a mulher pode desenvolver eclampsia e diabetes gestacional, ambas condições que podem causar lesões na retina”, alerta Denise de Freitas.
Maus hábitos
De acordo com a OMS, enquanto a prevalência de fumantes masculinos atingiu caiu, de forma geral, entre as mulheres, as taxas estão em ascensão em vários países. O risco aumenta, pois o hábito de fumar é considerado um grande inimigo dos olhos, sendo responsável pelo aumento da prevalência de catarata e da degeneração macular relacionada à idade.
Medicações também podem provocar efeitos colaterais nos olhos, como alguns antidepressivos, que podem causar cegueira e glaucoma; e drogas moduladoras da imunidade, como a cloroquina, que podem ocasionar em lesão da retina. Segundo Denise de Freitas, a automedicação também influencia nesse quadro, pois “alguns estudos comprovam um fator preocupante: mulheres tomam mais medicamentos prescritos e não prescritos do que os homens”.
Para manter a saúde ocular, os especialistas do CBO recomendam a adoção de algumas medidas preventivas, especialmente entre idosos de ambos os sexos, como: usar óculos de sol; não fumar; adotar óculos de proteção em situações de risco; manter uma alimentação saudável, com betacarotenos e suplementos do tipo Omega-3; além de praticar exercícios.
A coordenadora da Comissão Mulher do CBO lembra ainda que algumas doenças oculares são silenciosas, ou seja, somente causam sintomas ou sinais nas fases mais avançadas de acometimento.
“Por isso, é manter uma rotina de exames oftalmológicos preventivos após os 60 anos de idade para detecção e tratamento precoce das doenças oculares se torna essencial”, finaliza.
Redação Vida & Tal
Fonte: Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)