No podcast “Me venha com abobrinhas”, oferecido pela marca de marmitas congeladas de alimentos vegetais – Bbeleaf, no Spotify, a médica Laura Teixeira e a nutricionista Alessandra Luglio, ambas veganas há seis anos, apresentam um “Guia definitivo da vitamina B12”. De acordo com Alessandra, que há 25 anos trabalha na área, dentre todas as vitaminas, a B12 é aquela que merece maior atenção de todas as pessoas, sejam elas veganas ou não, porque ela realmente não está presente nos alimentos vegetais, mas sim na externalidade do solo.
“A vitamina B12 é sintetizada, ela é fabricada pelas bactérias que estão presentes no solo. As bactérias vão lá, fazem o sistema de decomposição de folhas, raízes, animais e tudo mais e através desse processo elas produzem a vitamina B12. Como essa vitamina não faz parte do mecanismo fisiológico das plantas, elas literalmente não sugam a B12 pelas raízes e acumula nas folhas, nos frutos e tudo mais”, explica.
A nutricionista explica ainda que a necessidade diária da B12 é de microgramas, o que seria facilmente suprido se os alimentos, os frutos, fossem consumidos de forma direta do solo, mas como é necessário higienizar, descascar o alimento para o consumo, devido aos sérios riscos de contaminação biológica, a vitamina que estaria na externalidade é eliminada. As pessoas que fazem consumo de carne, leite e ovos, de alguma forma irá receber a B12, através dos animais.
“É importante ressaltar que essa B12 é produzida dentre deles devido ao contato com o solo, mas não por eles (animais), e também que essa vitamina não necessariamente é de fonte natural, já que hoje a forma como se faz a agricultura com muito agrotóxico, mata a vida do solo, como as bactérias e outros microorganismos. Então de um modo em geral, a concentração natural no ambiente está muito mais baixa do que era há décadas atrás, o que faz com que haja a necessidade suplementação vitamínica mineral na ração desses animais”, revela.
Ainda de acordo com a especialista, estudos recentes apontam que 40% da população sul-americana apresentam baixa de vitamina B12, sendo que 40% não é vegano, e entre os veganos, que não consomem nada de origem animal e não são suplementados, a deficiência está em torno de 50%. “Ou seja, não é uma diferença tão grande a ponto de achar que só o vegano tem problemas com a baixa da vitamina”.
A médica Laura, declara que apesar dos resultados das pesquisas apontarem para 40%, atualmente no consultório, 99% dos pacientes apresentam deficiência da vitamina. E para entender a causa, é preciso entender como se dá o processo de absorção pelo organismo.
“Para que a B12 seja bem absorvida, é necessário que haja acidez adequada no estômago, o que é raro hoje em dia, tanto pela maneira que a gente come os alimentos…come muito rápido, está estressado o tempo inteiro, isso tudo vai afetar nossa liberação de ácido clorídrico e também pelo alto e indiscriminado uso dos antiácidos, que vai diminuindo a liberação ácida do estômago ao longo do tempo”, revela.
Mas é importante ressaltar que a absorção se dá pelo intestino delgado, por meio de uma substância produzida pelo estômago chamada “fator intrínseco”, que vai grudar na B12, viajar pelo intestino e ser absorvida no finalzinho do intestino, onde acontecem as absorções.
“Para isso acontecer tem que ter o fator intrínseco. Muitas pessoas que passam por cirurgias no intestino, ou bariátricas, vão reduzir muito esse fator ou até mesmo zerar, se na cirurgia for retirada a parte responsável pela produção. As pessoas que tem a chamada “gastrite atrófica”, que por uma questão autoimune, deixam de produzir o fator intrínseco. Fora isso, a gente precisa ter um bom trânsito intestinal, funcionante para que a gente consiga fazer com que essa vitamina B12 seja bem absorvida”, afirma.
A B12 também está ligada a fatores como resistência insulínica, aos processos neurológicos e esteatose hepática. Outro ponto é a predisposição pela idade, independentemente do padrão alimentar. Por isso há uma indicação de suplementação para os idosos. Mas as especialistas destacam que a suplementação deve ser acompanhada por um profissional de saúde especializado na área metabólica. O guia completo pode ser ouvido pelo podcast no Spotify.