Após ser diagnosticado com Espondilite Anquilosante em 2019, o cantor sertanejo Zé Felipe, de 21 anos, dividiu a sua luta contra a doença crônica no programa Domingão do Faustão e passou a realizar entrevistas para alertar sobre a condição que provoca dores intensas. Para conscientizar o público sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado, a Janssen lançou a campanha “Desmascare a dor”. A influenciadora digital Lu Ferreira, do canal Chata de Galocha, só foi diagnosticada com a Espondilite Anquilosante este ano, após sofrer mais de dez anos sem saber como aliviar as dores e a verdadeira origem dos sintomas. O mesmo aconteceu com a lifestyle Ceres Azevedo, que compartilhou um pouco da sua experiência e convívio com a enfermidade durante o Vida & Tal Entrevista desta quarta-feira (18).
Para começar, vamos explicar o que é a Espondilite Anquilosante. Trata-se de uma doença crônica, autoimune, de causa desconhecida e sem cura. Pode se manifestar de diversas maneiras: para algumas pessoas, trata-se de um quadro de dores persistentes, sobretudo nas costas – principalmente na região lombar ou nas nádegas. Para outras, pode se tornar uma doença sistêmica que afeta diversas outras articulações e até mesmo olhos, pele, intestino, pulmões, rins ou coração.
Infelizmente não é incomum que milhares de pessoas vivam com a Espondilite sem saber. Já que os sintomas iniciais e difusos da doença, quando ainda de menor intensidade, são facilmente confundidos como uma consequência das atividades do dia a dia. Porém, com o tempo, as dores tendem a ficar cada vez mais intensas e afetam a mobilidade, que fica cada vez mais limitada.
Sem um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, os movimentos da coluna e quadril ficam cada vez mais limitados por conta da fusão óssea, chamada de anquilose. Além disso, a inflamação de outras articulações como ombros, tornozelos, joelhos e calcanhares, também pode causar dores intensas e limitar ainda mais a movimentação, trazendo grande impacto à rotina dos pacientes. A boa notícia é que há diversas formas de tratamento adequadas para controlar a doença e obter mais qualidade de vida, por isso a importância do diagnóstico precoce por um reumatologista.
Sintomas
A espondilite anquilosante é um tipo de inflamação que afeta os tecidos conjuntivos, caracterizando-se pela inflamação das articulações da coluna e das grandes articulações, como quadris, ombros e outras regiões. Dores na coluna que surgem de modo lento ou insidioso durante algumas semanas, associadas à rigidez matinal da coluna, que diminui de intensidade durante o dia. A dor persiste por mais de três meses, melhora com exercício e piora com repouso.
Alguns pacientes sentem-se globalmente doentes, sentem-se cansados, perdem apetite e peso e podem ter anemia. A inflamação das articulações entre as costelas e a coluna vertebral pode causar dor no peito, que piora com a respiração profunda, sentida ao redor das costelas, podendo ocorrer diminuição da expansibilidade do tórax durante a respiração profunda.
Grupo sanguíneo dos glóbulos brancos
No início, a espondilite anquilosante costuma causar dor nas nádegas, possivelmente se espalhando pela parte de trás das coxas e pela parte inferior da coluna. Um lado é geralmente mais doloroso do que o outro. Essa dor tem origem nas articulações sacroilíacas (entre o sacro e a pélvis). Os especialistas sabem que a doença é cerca de 300 vezes mais frequente em pessoas que herdam um determinado grupo sanguíneo dos glóbulos brancos, quando comparadas com aquelas que não possuem esse marcador genético, denominado HLA-B27.
Cerca de 90% dos pacientes brancos com espondilite anquilosante são HLA-B27 positivos. A teoria mais aceita é a de que a doença possa ser desencadeada por uma infecção intestinal naquelas pessoas geneticamente predispostas a desenvolvê-las, ou seja, portadoras do HLA-B27. Como o HLA-B27 está presente em 7% a 10% da população, pouco mais de um em cem indivíduos apresentará a doença.
Tratamento
Embora não exista cura para a doença, o tratamento precoce e adequado consegue tratar os sintomas – inflamação e dor –, estacionar a progressão da doença, manter a mobilidade das articulações acometidas e manter uma postura ereta. A doença tende a ser menos ativa conforme a idade avança, mas o paciente deve estar consciente de que o tratamento deve durar para sempre.
O tratamento engloba uso de medicamentos, fisioterapia, correção postural e exercícios, que devem ser adaptados a cada paciente. Quando o quadril é afetado, pode ser realizada uma operação denominada artroplastia do quadril, que se faz consideravelmente útil na liberação dos movimentos.
Além de medicamentos, fisioterapia é fundamental para prevenir deformidades no corpo. Exercícios físicos e aeróbicos, com a supervisão de profissionais qualificados, são uma excelente forma de preservar a amplitude dos movimentos e diminuir a dor. Exercícios aeróbicos também ajudam a reduzir o risco cardiovascular, preservar a capacidade respiratória e a manter a força dos músculos.
Perfil
Qualquer pessoa pode ser afetada pela Espondilite Anquilosante, que está presente em cerca de 0,3% a 1,5% da população geral. No entanto, algumas características podem estar mais relacionadas com o desenvolvimento da doença:
– Jovens de 20 a 40 anos: costumam ter os primeiros sintomas no final da adolescência ou no início da vida adulta (17 a 35 anos).
– Descendentes: familiares de pessoas com a doença têm mais chances de serem afetados.
Pessoas jovens, por serem afetadas com mais frequência pela doença, devem buscar reumatologistas para desmascarar a origem de suas dores. São os profissionais mais capacitados para realizar o diagnóstico e tratamento de doenças autoimunes como a Espondilite Anquilosante.
Redação Vida & Tal
Fonte: Fonte: Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos (Fiocruz)/ Janssen