O Dia Mundial da Sepse, instituído no dia 13 de setembro, busca conscientizar a população sobre esta síndrome, a principal causadora de mortes dentro das unidades de tratamento intensivo (UTIs). Segundo a Organização Mundial da Saúde, a sepse mata 11 milhões de pessoas a cada ano, muitas delas crianças e idosos, e incapacita outros milhões. No Brasil, estima-se que ocorram 240 mil mortes ao ano em decorrência de um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção.
E a pandemia de Covid-19 veio a contribuir para o aumento deste problema dentro das unidades hospitalares. André Japiassu, coordenador de Atenção aos Pacientes Interno do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, apresenta um panorama da sepse no Brasil e no mundo e fala sobre as ações adotadas pelo INI para combatê-la dentro do Hospital Evandro Chagas e do Centro para Pandemia de Covid-19.
O Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas), instituição que busca promover ações que reduzam o impacto da sepse em termos de vidas perdidas, repercussões a longo prazo em sobreviventes e custos para o sistema de saúde, explica que a sepse era conhecida antigamente como septicemia ou infecção no sangue e hoje é mais conhecida como uma infecção generalizada. Atualmente, é também uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer. A mortalidade no Brasil chega a 65% dos casos, enquanto a média mundial está em torno de 30 a 40%.
“A sepse é a disfunção de um ou mais órgãos decorrente da presença de uma infecção. Essa infecção pode ser grave, inicialmente, ou pode não ser tão grave, mas que não foi tratada ou não foi controlada adequadamente. É uma infecção que pode acarretar uma resposta inflamatória, inicialmente, no próprio órgão onde ela se originou e se estender e afetar outros órgãos também, causando uma inflamação em diferentes partes do corpo. A sepse acomete pessoas de qualquer idade, sendo mais comum em recém nascidos e pacientes idosos, mas afeta também aqueles que tenham algum grau de deficiência no sistema imune, que chamamos de imunossupressão”, explica André Japiassu.
Diagnóstico precoce
A importância de se reconhecer a sepse de modo imediato, mais precocemente, é que ela é uma infecção que depende do momento em que foi diagnosticada.
“Assim como o infarto do coração ou um acidente vascular encefálico, o timing de diagnóstico e tratamento da sepse é fundamental para saber como o paciente vai se recuperar. Ou seja, se você faz o diagnóstico rapidamente e o paciente é tratado no intervalo de poucos minutos ou horas, ele tem mais chance de sobreviver. Já o paciente que é diagnosticado e tratado tardiamente, possui um maior risco de falecer”, ressalta.
Tratamento
De acordo com Japiassu, o principal foco de tratamento é o início de antibiótico para as infecções bacterianas.
“Para se ter uma ideia, a cada hora de atraso em começar o medicamento, você agrega de 7% de chance de morte. É por isso que, idealmente, deve se iniciar o antibiótico de uma a três horas, no máximo, e quanto mais precoce, melhor. Além disso, o tratamento da sepse é feito com hidratação, pois são pacientes que geralmente já estão muito depauperados, chegam desidratados, manter uma pressão arterial normal, porque muitos estão com a pressão arterial baixa (hipotensão), eventualmente cuidados de ventilação para aqueles que chegam com insuficiência respiratória, cuidados renais para quem desenvolve insuficiência renal e precisa de diálise. Enfim, buscamos fazer o tratamento de suporte em geral para esses pacientes”.
Redação Vida & Tal
Fonte: Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz)