A fabricação da vacina da influenza percorre um longo caminho até chegar aos braços dos brasileiros. Desde a importação das cepas, a produção dos Ingredientes Farmacêuticos Ativos de cada vírus, a formulação e o envase até a entrega das doses, se vão ao menos oito meses, mais de 300 profissionais, uma fábrica, três laboratórios e muitos milhões de ovos.
O Butantan produz 80 milhões de doses da vacina da influenza anualmente oferecidas na campanha nacional de vacinação contra a gripe. Justamente por ser sazonal, o imunizante é modificado a cada ano, baseado nos três subtipos do vírus influenza que mais circularam no último ano no hemisfério Sul monitorados e indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A nova versão da vacina da influenza, que será distribuída em 2022, é trivalente, composta pelos vírus H1N1, H3N2 e a cepa B.
As milhões de doses entregues ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, são distribuídas em estados e municípios antes do inverno, quando aumentam os casos de influenza e as síndromes gripais.
“O Butantan faz a vacina trivalente contra influenza em um fábrica própria que produz separadamente os IFAs das três cepas do imunizante para depois misturá-los em um outro laboratório de formulação e envase, entre setembro e maio”, diz o diretor de produção do Instituto Butantan, Ricardo Oliveira.
Uma versão tetravalente da vacina da influenza, com duas cepas de vírus A e duas cepas do vírus B, está sendo desenvolvida também no Butantan e deverá substituir a trivalente no futuro.
21 etapas de produção
A vacina contra a influenza é produzida a partir da inoculação do vírus em ovos embrionados de galinhas. Após um período de incubação, o líquido alantóico que envolve o embrião é colhido, centrifugado, concentrado, fragmentado e inativado, originando uma suspensão da vacina monovalente, ou seja, de uma cepa do vírus. A mistura das três suspensões de cada monovalente resulta na vacina trivalente.
A fábrica do Butantan conta com 340 colaboradores que trabalham diariamente em turnos de 12 horas, de setembro a maio. Todo o processo de produção é dividido em 21 etapas. Um lote de monovalente demora até 11 dias para ser finalizado e ao menos seis lotes são produzidos todos os dias dentro da fábrica, segundo o gerente de produção da vacina da influenza do Butantan, Douglas Gonçalves de Macedo.
“Nós produzimos tudo para compor 80 milhões de doses do H1N1, então paramos, fazemos uma pausa na fábrica para assepsia e descontaminação, para então começar a produção de uma nova cepa, e repetimos o processo para começar o IFA da terceira cepa”, explica Douglas.
Cada pausa para descontaminação dura, em média, sete dias e um único ovo rende de duas a cinco doses de IFA, explica o gerente.
“É um processo biológico complexo, que depende do desenvolvimento do embrião, do ovo, de várias condições, é um processo longo”.
Redação Vida & Tal
Fonte: Butantan.