As concussões sofridas por jogadores de futebol na Copa do Mundo, em disputas de bola, estão no radar da Fifa e de entidades de saúde. As novas regras, aplicadas no Catar, estabelecem que, nesses casos, o atleta deve ser imediatamente retirado da partida, realizar exames de neuroimagem para diagnóstico mais preciso e evitar danos maiores à saúde. Isso acontece depois de estudos realizados pela Federação na Copa de 2018 apontarem que 13% das contusões graves registradas durante o Mundial envolviam choques de cabeça e na região cervical.
Fatores como dor de cabeça, desequilíbrio, tontura, amnésia e náuseas nem sempre estão presentes logo após a pancada e isso não significa que ela foi menos grave. A pessoa não precisa ficar desacordada para configurar uma concussão.
“Não é incomum realizarmos uma tomografia após um trauma na cabeça e ela não apresentar nenhuma alteração como hemorragia ou fratura, mas, mesmo assim, é possível que tenha ocorrido uma oscilação no tecido, como se fosse – de maneira leiga – um ‘chacoalhar’ e isso produzir um processo de edema de fibras nervosas, provocando confusão mental e esquecimento”, explica o neurocirurgião dos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Carlos Alberto Mattozo. “Normalmente, após dois dias, a pessoa se recupera e fica bem”, complementa.
Para o médico, o maior problema está nos casos em que os pacientes permanecem com algum grau de comprometimento a médio prazo ou que podem apresentar alterações cognitivas após um período maior, resultando em dificuldades na memorização, concentração, alterações psiquiátricas como ansiedade e perda de personalidade.
“Normalmente, quando um trauma na cabeça tem alguma implicação maior, é aconselhável repouso de 15 a 30 dias para tratar a síndrome pós- concussão, que são as dores crônicas, insônia, ansiedade e depressão. Entendemos que a Copa do Mundo é um sonho de atletas que treinam a vida toda para isso, mas no cuidado com a saúde também é preciso levar a sério casos como esses. Voltar para a partida após essas pancadas na cabeça pode representar um risco muito sério para o atleta”, ressalta Mattozo.
Lesões
Além das concussões, as lesões também têm preocupado técnicos e jogadores na Copa do Mundo do Catar. Nas primeiras nove partidas realizadas no Mundial, 11 jogadores precisaram ser substituídos devido a lesões. Exemplo disso é a dupla da seleção brasileira, Neymar e Danilo, que sofreu entorses nos tornozelos – um no direito e outro no esquerdo.
“Os movimentos rotacionais de tornozelo e joelho estão entre as lesões mais frequentes no futebol profissional. A média é que a cada seis segundos o jogador faça um sprint, que é a aceleração em distâncias curtas, quando os entorses acabam sendo comuns. O que precisa avaliar é o grau que ela acontece”, esclarece o ortopedista Antonio Tomazini.
“O suporte que existe ao redor do atleta profissional como alimentação balanceada, exercícios de musculação, fortalecimento e alongamento ajudam a evitar que essas lesões sejam mais graves”, destaca.
Redação Vida & Tal