Durante muitos anos, a mídia estipulou um padrão de beleza para as pessoas e, com o passar do tempo, as redes sociais passaram a ocupar esse papel com a exaltação de corpos perfeitos, despertando o desejo de se encaixar em um modelo irreal a qualquer custo. Não é difícil perceber a influência da internet na vida das pessoas, seja na forma de se portar, falar, se vestir e, principalmente, no modo como enxergam a si mesmas.
De acordo com William Sanches, terapeuta, escritor e especialista em comportamento humano e programação neurolinguística, os impactos causados pelas redes sociais são cada vez mais preocupantes.
“Plataformas como o Instagram têm um peso muito grande no padrão de beleza e de felicidade que as pessoas buscam. Elas acompanham o estilo de vida de alguns influenciadores e, em muitos casos, fazem de tudo para alcançar esse status, mesmo que seja apenas por uma noite. Não é só o modelo estético, mas todo o contexto que envolve a rotina desses indivíduos que contam com milhares de seguidores”, relata.
Para o escritor, a internet só vende o que as pessoas querem comprar.
“O conteúdo das redes sociais é democrático. Existem aqueles que ensinam a se amar e se aceitar, enquanto outros vendem um padrão de vida afirmando que, só assim, a felicidade poderá ser alcançada. Muitos influenciadores focam nos desejos, sonhos, ambições e na vaidade, impactando diretamente a autoestima dos usuários que consomem esses conteúdos”, declara.
Algumas plataformas oferecem artifícios capazes de modificar completamente a aparência de uma pessoa. Sanches acredita que esse tipo de solução transmite um padrão cada vez mais longe do alcançável.
“Esses efeitos começaram com intuito de divertir e entreter, mas tomaram outros rumos. Alguns desses filtros mexem diretamente com a fisionomia do usuário, aumentando a boca, afinando o rosto, o nariz e transformando completamente o semblante de alguém. A ideia de beleza que esses artifícios oferecem é completamente falsa e age diretamente na imagem que o público têm de si mesmo”, declara.
Uma pesquisa feita pela Academia Americana de Cirurgiões Plásticos revelou que 55% das rinoplastias realizadas em 2022 tiveram como principal motivação a intenção de sair com uma boa aparência nas famosas “selfies”.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) realizou um levantamento apontando que, nos últimos 10 anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos estéticos feitos por adolescentes entre 13 e 18 anos.
“A naturalidade com que pessoas famosas tratam de processos clínicos nos stories, por exemplo, é um dos principais fatores que colaboraram com esses números. Com isso, redes como o Instagram e o Facebook começaram a restringir publicações sobre cirurgias e emagrecimento para usuários menores de idade. Se antes o desejo era se sentir bonito, na realidade, hoje é ter a aparência que os filtros embelezadores nos proporcionam”, lamenta o terapeuta.
Para o especialista em comportamento humano, quando alguém não se encaixa nesse padrão estipulado pela sociedade e pelas redes sociais, avaliar a opinião que temos sobre nós mesmos é o primeiro passo para identificar a falta de autoestima.
“Muitas vezes, distorcemos nossa própria imagem por conta de tudo o que vemos e ouvimos ao longo da vida. Uma pessoa que olha no espelho todos os dias e diz para si mesmo que é feia, está se convencendo dessa sugestão o tempo todo. Infelizmente, esse indivíduo se compara a um padrão que é amplamente divulgado na internet, tendo a crença de que, realmente, não possui beleza”, relata.
Como não se deixar influenciar pela internet?
- Não se comparar a outras pessoas;
- Focar nas próprias qualidades, deixando de lado pensamentos negativos sobre qualquer particularidade;
- Se livrar de amizades tóxicas, mantendo ao seu redor pessoas que nos incentivam a ser quem realmente somos;
- Deixar de seguir perfis que exibem o padrão vigente, minimizando os danos causados à autoestima.
O movimento “Body Positive” (positividade corporal), também em alta nas redes sociais, tenta convencer as pessoas a se aceitarem e publicarem fotos reais, contra o padrão de beleza imposto à sociedade.
“É preciso iniciar um processo de cura interior, aceitando e entendendo que cada indivíduo tem a sua própria beleza. Pode parecer simples, mas a aceitação oferece um grande alívio interno e nos livra de qualquer cobrança”, finaliza Sanches.
Redação Vida & Tal