De acordo com a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, 55,7% da população adulta do país apresenta excesso de peso e 19,8% está obesa. Para combater a obesidade há diversos tratamentos, sendo muitos deles ineficazes a longo prazo. A cirurgia bariátrica é um dos poucos tratamentos que conseguem reverter essa situação a curto, médio e longo prazo.
Segundo evidências científicas, a permanência do peso perdido por um período prolongado é um grande desafio, porque exige uma mudança de comportamento. Os benefícios são potencializados quando acompanhado por uma equipe multidisciplinar que atua assertivamente nas necessidades do paciente. Profissional de educação física, nutricionista, psicólogo e uma equipe médica são fundamentais durante o processo.
Segundo Alexandre Gadducci, educador físico especializado em alunos bariátricos, quando há uma orientação física aliada à alimentação adequada e apoio motivacional, os resultados são elevados para um alto nível de sucesso. Mas, em qual momento o profissional de educação física pode atuar com o paciente bariátrico?
“Ele deve acompanhar o paciente no pré-operatório, já acessando informações valiosas e consistentes para entender como será o processo de emagrecimento no pós-operatório. Esse momento é muito pouco explorado atualmente e que faz toda a diferença”, ressalta.
A preparação física é um fator essencial que promove benefícios que vão repercutir, certamente, no momento da cirurgia, tais como diminuição do tempo de intubação, internação e recuperação. Após a cirurgia ocorre um processo ainda mais desafiador que exige um acompanhamento ainda mais próximo. É a partir desse momento que o paciente observará mudanças na composição corporal como:
– Perda de massa gorda;
– Perda de massa livre de gordura;
– Mudança na taxa metabólica;
– Perda da força muscular.
Acompanhamento no pós-cirúrgico
De acordo com o educador físico, após a cirurgia se inicia um processo de recuperação contínuo. Porém, quais as ferramentas para conseguir acompanhar essas mudanças vão desde avaliações simples às mais complexas.
“Só o profissional de educação física poderá utilizar abordagens como avaliações simples como anamneses, medidas de peso, altura, circunferências e avaliações funcionais ou complexas como análise da composição corporal, da taxa metabólica, consumo máximo de oxigênio e força muscular isocinética”, explica.
Ainda de acordo com Gadducci, são essas avaliações que darão um parâmetro para identificar as necessidades e objetivos do paciente, e prescrever o treinamento individualizado que servirão de controle no processo de emagrecimento.
“Esse acompanhamento promove manutenção do peso perdido, mudanças comportamentais sustentáveis e melhora na qualidade de vida. A grande diferença dos pacientes que estão com orientação profissionais e dos que não estão é justamente a manutenção do peso perdido a longo prazo. Está muito claro que a recuperação do peso perdido pode ocorrer com passar dos anos, na grande maioria dos casos a partir de 2 anos após a cirurgia”, finaliza.
Alexandre Gadducci é formado em Educação Física pela São Judas, São Paulo/SP, em 2005. Pós-graduado em Treinamento Desportivo, FMU, São Paulo (2008). Mestre e doutorando em Ciências da Gastroenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP/2015).
Redação Vida & Tal
Fonte: Oxo Flow