A adoção de hábitos saudáveis ainda representa a principal medida adotada por pessoas que buscam manter a qualidade de vida. No entanto, embora essa ação seja imprescindível, ser acompanhado por um cardiologista e realizar um check-up periódico e exames de rotina deveria ser regra geral, especialmente a partir dos 35 anos, como forma de prevenir o surgimento de doenças no coração, identificando e tratando os fatores de risco.
Com isso, diante da proximidade do Dia do Cardiologista, celebrado em 14 de agosto, Nivaldo Filgueiras, vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e conselheiro do Conselho de Administração da Sociedade Brasileira de Cardiologia, aponta que o funcionamento correto do coração é fundamental para o bombeamento adequado de sangue e a consequente oxigenação dos tecidos do organismo.
“O cardiologista é o profissional qualificado para lidar com todas as alterações e doenças que podem atingir o nosso coração. Além de ser o único médico capaz de diagnosticar e tratar corretamente esses problemas, ele também está encarregado de preveni-los. Sendo assim, é recomendado que todos os adultos com mais de 18 anos consultem um especialista em cardiologia ao menos uma vez ao ano, mesmo que saudáveis, para fazer um acompanhamento preventivo”, observa.
Segundo o especialista, com o check-up preventivo, é possível evitar ou tratar precocemente inúmeras doenças, a exemplo do infarto agudo do miocárdio, também chamado de ataque cardíaco.
“Trata-se de uma obstrução na artéria coronária que bloqueia a passagem do sangue para o músculo cardíaco”, diz o médico. Outra preocupação é a insuficiência cardíaca, que também pode ser prevenida com a consulta a um cardiologista. “Ela costuma desenvolver-se devido a outras condições, como hipertensão e disfunções vasculares, e se caracteriza quando o coração não consegue bombear o sangue adequadamente para outros órgãos”, aponta.
Já a arritmia, ou seja, a alteração do ritmo dos batimentos cardíacos, acomete principalmente pacientes idosos, mas pode afetar jovens também. “Ela pode ser causada tanto por substâncias estimulantes, como café e álcool em excesso, quanto por outras enfermidades, como o infarto ou insuficiência cardíaca”. Outros distúrbios que podem ser diagnosticados no check-up são: cardiomiopatia, cardiopatia congênita, doença arterial periférica, hipertensão, pericardite, prolapso da válvula mitral, sopro no coração, taquicardia, tumor cardíaco entre outros.
“Nas consultas de rotina ao cardiologista, são realizados exames diversos que contribuem para a detecção de possíveis disfunções. Os mais comuns são o eletrocardiograma, cujo objetivo é observar o ritmo do coração, se há distúrbios na condução elétrica, alguma sobrecarga ou alteração no funcionamento do órgão, além do teste ergométrico ou de esforço, que analisa o desempenho cardiovascular em momentos de esforço físico. É fundamental, portanto, para pessoas que fazem ou pretendem fazer atividades físicas”, pontua o especialista.
Outros exames possíveis são:
– ecocardiograma: é uma ultrassonografia que avalia o tamanho do coração, a espessura de suas paredes, o quanto de sangue é bombeado e o movimento das válvulas cardíacas.- radiografia de tórax: além da avaliação pulmonar, observa-se se há um aumento cardíaco e alongamento da aorta.
– testes laboratoriais: os exames de sangue mais frequentes são os de colesterol, triglicérides e glicemia, mas outros podem ser solicitados conforme o histórico do paciente.
Fatores de risco
Segundo o cardiologista, entre os principais fatores de risco que influenciam o aparecimento de doenças cardíacas e que, portanto, devem ser avaliados pelo especialista, estão a obesidade, sedentarismo, tabagismo, colesterol alto, hipertensão, diabetes, estresse, distúrbios endócrinos, infecciosos e nos rins.
“Quando a pessoa possui um ou mais desses problemas e se consulta com um cardiologista periodicamente, o médico pode orientá-la sobre mudanças de hábito necessárias, assim como acompanhar sua evolução”, explica Nivaldo.
Não espere os sintomas
Por fim, o cardiologista aponta que não é necessário aguardar o surgimento de um sintoma atípico para agendar a consulta com o cardiologista. “Algumas pessoas só buscam o especialista quando sentem algo atípico, e isso é errado, porque corre-se o risco de descobrir a presença de problemas já em estágio avançado. Com isso, o tratamento pode ser mais difícil ou até insuficiente, não trazendo resultados satisfatórios”, aponta.
Nivaldo Filgueiras ressalta que o check-up cardiológico de rotina possui um papel duplo. “Além de prevenir disfunções, possibilita que um distúrbio seja identificado de maneira precoce, aumentando as chances de cura”, conclui.
Redação Vida & Tal