Em meio à falta de serviços e produtos que atendam as necessidades de todos – independente de gênero, faixa etária, tom e tipo de pele, um movimento de impacto vem ganhando destaque no mundo da moda, beleza e estética: o movimento ‘Beleza Inclusiva’. Por muitos anos os produtos da moda, cosméticos, serviços e propagandas foram pautados em um padrão de beleza hegemonicamente branca, com isso, pretos e pardos não se sentiam atendidos, valorizados e representados quanto às suas identidades.
Em todo o mundo, indústrias cosméticas estão em busca de inovações que atendam a todos os públicos, incluindo produtos e serviços compatíveis com as características individuais dos seus consumidores. Só no Brasil, segundo dados do IBGE, 56% da população se autodeclara preto ou pardo, demonstrando o potencial para o setor e a emergência para a sociedade.
Segundo Jéssica Magalhães, biomédica esteta e especialista em pele preta, o movimento Beleza Inclusiva é essencial para todos e todas.
“Somos diversos e a área de estética ainda não entendeu isso. A educação é fragmentada, padronizada para pessoas brancas. Sequer é ensinado como cuidar de peles de outras ascendências”. Para ela, esse movimento vem sendo extremamente importante, pois cada vez mais as pessoas têm buscado produtos e serviços que atendam necessidades particulares.
“Durante a especialização encontrei a ausência de conhecimento sobre pele negra e, em 2020, foquei meus estudos para atender melhor pessoas pretas como eu. Já passei por péssimas experiências em atendimento dermatológico e não tive cuidados e nem resultado. Unindo a falta de conhecimento que vi durante a minha especialização, percebi que tinha que correr atrás e levar o cuidado que não existe hoje no mercado”, explica.
De acordo com Jéssica, é indispensável estar atento acerca dos cuidados com a pele negra, uma vez que os profissionais precisam se especializar para entender as particularidades nos tratamentos, já que a falta de conhecimento sobre as necessidades da pele pode trazer desde a ausência de resultados até a marcas permanentes. “É preciso ter conhecimento acerca do processo de cicatrização, inflamação e produção de melanina para poder conseguir resultados sem causar novos problemas, como manchas”, destaca.
Muitas vezes sustentados por mitos, os cuidados com a pele negra são deixados de lado pela sociedade. A biomédica destaca que um dos mitos que envolvem a pele negra é acreditarem que os tons de pele mais escuros não necessitam de proteção solar. “Apesar da melanina poder conferir proteção FPS de até 13,5, ainda não é o suficiente para evitar os danos solares”, destaca.
“Também tem o mito de que pele negra não precisa de cuidado por ser “mais firme”. Apesar da abundância de colágeno que deixa a pele firme, temos necessidades específicas e por isso precisamos de cuidados especializados. Destaco a necessidade de hidratação. Naturalmente perdemos mais água, o que já causa um estado de desidratação. Por isso é importante estar atento à quantidade de água ingerida e aos produtos utilizados”, conclui Jéssica Magalhães.
Redação Vida & Tal