Os casos de cânceres colorretais estão entre os mais incidentes tanto nos homens quanto nas mulheres brasileiras, atrás apenas dos cânceres de pele não melanoma, do câncer de próstata nos homens e do câncer de mama nas mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) que prevê cerca de 45 mil casos novos de câncer colorretal em 2023.
“Diagnosticado nos estágios iniciais, o câncer tem boas possibilidades de cura”, diz o Dr. Clóvis Klock, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).
Na maioria das vezes, o câncer do intestino se desenvolve a partir de pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede do intestino. Significa dizer que com a retirada do pólipo, evita-se que se torne um câncer. O cuidado maior é quando são detectados pólipos adenomatosos (adenomas), pois estes podem se tornar um câncer.
Artigo publicado na revista científica Frontiers in Oncology em 10/01/2023, de autoria de pesquisadores do INCA mostra que a probabilidade de óbito prematuro por câncer de intestino na faixa etária de 30 a 69 anos pode ter um aumento de 10% até 2030. Na análise feita de vários tipos de tumores, o câncer colorretal foi o que apresentou o maior aumento projetado nas cinco regiões do Brasil. O estudo traz também uma projeção da mortalidade por câncer no Brasil para o quinquênio 2026-2030, na comparação com o período base de 2011 a 2015.
O cenário atual é preocupante, pois 80% dos casos de câncer colorretal são diagnosticados em fase avançada, quando os tratamentos são mais invasivos. A Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) reportou uma queda de até 70% nos diagnósticos realizados em serviços de Patologia, durante a primeira onda da pandemia em 2020. Por isso, alguns casos de câncer estão sendo descobertos em estágios mais avançados.
A jornalista Cristiane Rhoden, de 43 anos, sabe o que isso significa. Em 2020, em plena pandemia, teve o diagnóstico de câncer colorretal em estágio 3, quando o tumor já se disseminou para os linfonodos. Após os exames de rastreamento, foi realizada a biópsia e o diagnóstico foi feito pelo médico patologista. Passou por cirurgia, quimioterapia (tratamento sistêmico) e durante nove meses permaneceu ostomizada, com bolsa de colostomia. Um período difícil que foi superado.
Hoje, Cristiane coordena a TV Câmera de Erechim (RS) e faz o acompanhamento regular junto ao seu médico. “O corpo dá sinais e a gente tem que ficar alerta”, reforça a jornalista.
Neste Março Azul Marinho que busca a conscientização sobre o câncer colorretal, vamos ficar todos alertas. A doença atinge a todos, celebridades como Preta Gil, Simony, Pelé e Roberto Dinamite e pessoas comuns. Já o dia 27 de março é considerado o Dia Nacional do Câncer Colorretal.
“A indicação do rastreamento precoce, por meio da colonoscopia, exame de imagem, antes dos 50 anos, depende da história pregressa familiar, por isso é sempre bom conversar com o médico gastroenterologista que fará a melhor indicação”, explica o Dr. Klock.
Os exames de rastreamento, recomendados para todas as pessoas a partir de 50 anos, incluem o de sangue oculto nas fezes e, em caso positivo, a colonoscopia, que, caso mostre algo suspeito, permite aos médicos fazer biópsia já durante a sua realização.
“Dependendo desses resultados, uma amostra é enviada para o médico patologista, que é quem faz a análise de biópsia e o diagnóstico – se é mesmo um câncer, de que tipo é o tumor. O diagnóstico é fundamental para a definição do tratamento”, acrescenta o Dr. Klock.
Vida mais saudável
Cerca de 30% de todos os cânceres de intestino (cânceres colorretais) são causados por fatores como o baixo consumo de fibras alimentares, sedentarismo, consumo de carne processada, de carne vermelha acima do recomendado (até 500 gramas por semana) e de bebidas alcoólicas, além do excesso de peso. Assim, boa alimentação, atividade física e evitar álcool ajudam a evitá-lo.
“A demora no diagnóstico correto, permite que o câncer cresça, podendo comprimir e invadir outros órgãos sadios na região do corpo. Outro cenário é quando as células cancerosas se desprendem e se espalham no sangue e/ou vasos linfáticos e nesse caso o câncer migra para outros órgãos, como fígado, pulmão e ossos. Por isso, lembro da importância do acesso aos exames pela rede pública de saúde, alerta o Dr. Klock.
Redação Vida & Tal