Mulheres submetidas à cirurgia do câncer de mama podem praticar, sem riscos, exercícios de ombro com amplitude de movimento livre no período pós-operatório. Isso é o que concluiu o estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) com pacientes da unidade especializada no tratamento de câncer de mama, publicado na revista Breast Cancer Research and Treatment.
Até o momento, a recomendação padrão era para as pacientes realizarem apenas movimentos parciais durante a fase de recuperação após a cirurgia. O receio era que exercícios livres do ombro aumentassem as chances de complicações na cicatriz cirúrgica. No entanto, a ausência de evidências foi o que motivou a pesquisa.
O estudo foi conduzido pela fisioterapeuta, doutoranda do Instituto, Clarice Gomes Chagas Teodózio, sob orientação da pesquisadora e fisioterapeuta Anke Bergmann e do pesquisador Luiz Cláudio Santos Thuler com 461 mulheres com câncer de mama ao longo de um ano.
Além da pesquisa comprovar que movimentos de amplitude acima do ombro não prejudicam a cicatrização, o pesquisador Luiz Cláudio Thuler ressalta que os exercícios dão mais confiança para a paciente.
“Verificamos melhora significativa na recuperação física das pacientes que realizaram os exercícios livres com os ombros. Isso favoreceu a reinserção social, porque reduziu o medo que as pacientes tinham de retomar as atividades diárias”, comenta.
Para a pesquisadora Anke Bergmann, o trabalho é uma inovação benéfica tanto para as pacientes quanto para o sistema de saúde, já que se trata de um processo de baixo custo econômico para os hospitais, mas com grande impacto positivo na vida das mulheres que realizam o procedimento cirúrgico.
“Esse processo tem um baixo custo, porque não usamos nenhum equipamento, ou seja, pode ser usado por toda unidade pública de saúde do Brasil. É um estudo acessível que traz resultados ótimos para as pacientes”, conclui.
Exercícios de ombro
Atualmente, todas as pacientes da unidade especializada do Inca que trata câncer de mama praticam os exercícios de ombro com amplitude de movimento livre no pós-operatório. As mulheres são indicadas a mexerem os braços acima da altura do ombro, até o limite em que não há dor, desconforto ou sensação de repuxamento da cicatriz.
A inovação foi implementada pela equipe de Fisioterapia da unidade, inicialmente para mulheres que fazem cirurgias conservadoras ou mastectomias sem reconstrução mamária.
Também participaram do estudo: Liz de Oliveira Marchito, aluna de Aperfeiçoamento da Coordenação de Pesquisa (COPQ) do Inca; Erica Alves Nogueira Fabro, responsável pela Fisioterapia do HC III; Flávia Oliveira Macedo, fisioterapeuta da unidade, e Suzana Sales de Aguiar, tecnologista da Divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico, vinculada à COPQ.
Redação Vida & Tal
Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca).