Com milhares de casos anuais e considerado o terceiro tipo de neoplasia mais comum entre as mulheres, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de colo do útero configura um cenário preocupante aos órgãos e profissionais de saúde, especialmente por se tratar de uma doença previsível e evitável.
Somente no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), são esperados mais de 17 mil novos diagnósticos da enfermidade ainda neste ano de 2023; um índice de risco em torno de 13,25 casos para cada 100 mil mulheres.
Causado por alguns tipos de HPV (Papilomavírus Humano), uma das maneiras mais efetivas para diagnosticar o câncer de colo do útero é o monitoramento frequente da presença do vírus no organismo.
Embora 90% dos casos de HPV representem uma contaminação transitória – em um período de 18 a 24 meses -, onde o próprio sistema imunológico consegue se defender, o risco aumenta quando a presença do patógeno prolonga-se e acaba por gerar lesões no colo do útero, que se tornam feridas e evoluem de forma maligna. E é nesse sentido que a Captura Híbrida demonstra sua efetividade, diagnosticando as infecções prolongadas, e não as transitórias, como os métodos de genotipagem por PCR.
De acordo com a médica ginecologista e pesquisadora clínica do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC, Dra. Cecília Maria Roteli Martins, as visitas frequentes ao médico e a realização anual dos exames de rotina podem ajudar a salvar muitas vidas e devem ser feitas por todas as mulheres.
“Além dos exames mais conhecidos como o papanicolau e a colposcopia, a partir dos 25 anos de idade as mulheres podem fazer a captura híbrida, um teste molecular, mais sensível que outros métodos, capaz de detectar a presença do HPV e, em casos positivos, em qual das 13 variações mais comuns de potencial cancerígeno ele se encaixa. A realização desse tipo de exame permite identificar a contaminação antes do surgimento da lesão, o que amplia as possibilidades dos tratamentos precoces e cura”, explica a especialista.
Captura híbrida x genotipagem do HPV por PCR
Considerado o teste Padrão Ouro para rastreio do HPV (teste referência para estabelecer a sensibilidade e especificidade de outros testes diagnósticos de HPV), a Captura Híbrida é o exame mais utilizado em todo o mundo, já realizado por mais de 100 milhões de mulheres e clinicamente validado em mais de 1 milhão de pacientes, resultando em mais de 1300 publicações em revistas revisadas por pares, que incluem mais de 20 anos de dados de acompanhamento observacional.
A sensibilidade clínica da Captura Híbrida representa, com precisão, a habilidade do ensaio para diagnosticar infecções clinicamente relevantes. A partir de um resultado negativo, o intervalo para novos rastreios pode ser de até cinco anos.
Em contrapartida, embora a genotipagem tenha seu valor em detectar a presença e o tipo do HPV presente no organismo da paciente, o exame não consegue distinguir uma infecção transitória (comum em 90% dos casos de contaminação) de uma infecção persistente, responsável por progredir com potencial cancerígeno.
Outro ponto relevante diz respeito à sensibilidade do teste, que não atinge o mesmo patamar da Captura Híbrida e abre margem para uma alta porcentagem de resultados falsos negativos.
“A testagem molecular existe há mais de vinte anos e está entre os testes mais utilizados pelos médicos para rastreio genético do HPV. Milhões de mulheres já realizaram a captura híbrida e muitas vidas já foram poupadas pela contribuição dessa tecnologia. Cabe ressaltar, entretanto, que tanto a captura híbrida quanto a genotipagem por PCR somente são disponibilizadas no sistema de saúde privado, ou seja, para mulheres que possuem planos de saúde, algo que representa em torno de 1% de todas as mulheres brasileiras que são elegíveis ao teste”, aponta Raphael Oliveira, Gerente de Marketing Regional LATAM para Diagnósticos Moleculares da QIAGEN, multinacional alemã especialista em tecnologia para diagnósticos moleculares.
Redação Vida & Tal