Quando criança, temos inúmeros vislumbres de como a vida será e quem seremos quando chegarmos à idade adulta. Todos já sonharam em ser astronauta, cientista, mágico, entre outras profissões que aproximam do lúdico e das brincadeiras. Mas, é ao longo da vida que é possível entender e lapidar esses desejos e, às vezes, se tornam mais fortes.
Foi na área de comunicação que a fonoaudióloga Camilla Guarnieri encontrou sua paixão e seu sonho de criança. Graduada pela USP, em seu primeiro ano conheceu as disciplinas relacionadas à fala e à linguagem, que trouxeram a sua primeira pesquisa científica, colocando-a em contato com os desafios da terapia fonoaudiológica para crianças e, desde então, o tema se transformou em paixão. Foi a partir daí que ela passou a se dedicar ao aprimoramento dos estudos da fala e linguagem infantil, trilhando sua carreira por novas descobertas e aproximando sua história ao desejo de criança, a Ciência.
Tornou-se mestre pelo Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia pela USP com a dissertação defendida na linha de pesquisa “Processos e Distúrbios da Linguagem” intitulada “Programa de Estimulação para Crianças com Atraso de Linguagem” e, em seguida, teve seu título de doutora pelo Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da USP, defendendo a tese sobre “Telessaúde e Teleducação” nomeada como “Curso online para treinamento de Fonoaudiólogos na intervenção em linguagem infantil”. Ainda em seu doutorado, integrou um grupo de pesquisas na University of South Florida (USF – EUA).
Transita pela área da educação, levando em conta que foi coordenadora pedagógica e professora de diversos cursos para a formação de fonoaudiológos na atuação com a fala e a linguagem em crianças, também contribuiu com livros e materiais pedagógicos na área, tornando-se peça fundamental para o desenvolvimento de crianças com dificuldades de fala e linguagem.
Hoje, é fonoaudióloga clínica responsável pelas áreas de fala e linguagem na Clínica Care Materno Infantil, onde aplica seus estudos e experimentos dentro da sala de terapia. Por meio de uma avaliação detalhada de todas as dificuldades e potencialidades da criança envolvendo a fala, linguagem e habilidades complementares a estas, utiliza as informações e as cruza com evidência científica, criando métodos lúdicos para alcançar o potencial de desenvolvimento da criança.
“Entender a criança é essencial para poder promover um plano de intervenção (terapia) individualizado, hoje, já sabemos que não existe a melhor técnica ou modelo de terapia para todas as crianças, mas o sim o melhor para cada uma delas” – comenta a especialista.
Mesmo dentro de diagnósticos fechados como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), da Apraxia de Fala na Infância, do Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) e muitos outros, encontra-se uma diferença enorme de uma criança para a outra, e, se essas crianças e famílias são tão diferentes, por que uma mesma “receita” funcionaria com todas? Por essa razão, a profissional tem um olhar individualizado para os atendimentos e obtém resultados primorosos com seus pacientes.
Essa combinação apresentada de forma lúdica em atendimentos é baseada em pesquisas científicas que detalham e evidenciam que técnicas, modelos ou formas de intervenção totalmente rígidas não funcionam para alguns perfis de crianças, e devem servir apenas como norte nas tomadas de decisões importantes para planejar e aplicar as intervenções de forma individualizada.
Por fim, de nada adianta a técnica perfeita se a criança não engaja, não interage. É daí que vem o terceiro pilar das terapias aplicadas pela Camilla, o lúdico. Precisa ser atrativo para criança!
“A gente sabe que para alcançar diversas habilidades de fala e de linguagem o treino é fundamental, se o treino não for divertido para a criança, ela não vai fazer na quantidade necessária. Sem contar que já temos diversos estudos científicos mostrando que o que é aprendido de forma prazerosa é aprendido mais rápido e de forma mais consolidada” – finaliza.
E quem ainda não se convenceu o que o lúdico e o brincar é importante deve observar como as crianças se desenvolvem durante atividades prazerosas ou se recordar de seu desenvolvimento e quando foi mais fácil de adquirir habilidades essenciais. O brincar simbólico, explorar e organizar o brinquedo, seguir instruções e turnos durante a brincadeira, compartilhar a atenção e a diversão com o outro, tudo isso são habilidades necessárias para desenvolver linguagem, socialização e diversas outras áreas do desenvolvimento infantil.
São as pequenas atitudes que fazem a diferença na vida das crianças, mas, para essas pequenas atitudes serem certeiras, é necessário um olhar direcionado, individualizado e com foco na qualidade dessas atitudes. A fala e a linguagem têm um impacto muito grande na vida social e acadêmica, por essa razão, deve-se olhar para o desenvolvimento das crianças e proporcionar oportunidades de desenvolvimento funcionais e efetivas.
Redação Vida & Tal