A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem-Nacional) e o Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade (Defat) publicaram um Posicionamento Oficial sobre o uso e abuso de implantes de gestrinona no Brasil. A posição da Sbem Nacional e do Defat foi divulgada no segundo dia do Caefa – 2º Curso Avançado em Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade – durante a mini conferência do Dr. Alexandre Hohl, presidente do Departamento.
Segundo o documento, no Brasil, a utilização de implantes hormonais utilizando esteroides sexuais e seus derivados vem aumentando de forma avassaladora. Por serem apresentações customizáveis, existe um real risco de superdosagem e de subdosagem. O documento traz ainda detalhes da posição internacional sobre o uso e o apelo da Sbem para que as autoridades aumentem a fiscalização quanto ao uso inadequado destes implantes hormonais no nosso país.
“A Sbem vem a público informar que não reconhece os implantes de gestrinona como uma opção terapêutica para tratamento de endometriose, rechaçando veementemente o seu uso como anabolizante para fins estéticos e de aumento de desempenho físico”, afirma a instituição.
Gestrinona
O posicionamento da Sbem destaca que a Gestrinona é um hormônio esteroide progestágeno sintético derivado da 19-nortestosterona que possui propriedades androgênicas, antiestrogênicas e antiprogestogênica. Outra ação dela é inibir a liberação de gonadotrofinas pela hipófise. A gestrinona começou a ser estudada para tratamento da endometriose por via oral no final dos anos 70. O registro da gestrinona via oral para essa finalidade na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi feito em 1996 (Registro Anvisa nº 1112402040010 – GESTRINONA). Entretanto, não existem estudos de segurança e eficácia da gestrinona para tratamento de endometriose por uso parenteral, particularmente, por meio de implantes.
Implante de gestrinona não é uma opção terapêutica reconhecida e recomendada pela Endocrine Society (Sociedade de Endocrinologia Americana), pela North American Menopause Society (Sociedade Americana de Menopausa – NAMS) e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A justificativa é por não estar de acordo com a padronização de medicamentos hormonais, por não ter aprovação de uso pelas diferentes agências regulatórias em diversos países e, principalmente, por não existirem evidências científicas de qualidade referentes à eficácia e segurança dos implantes de gestrinona.
Redação Vida & Tal
Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).