Uma nova técnica oftalmológica está devolvendo a visão a uma recém-nascida com uma rara anomalia ocular e chamando a atenção da comunidade médica. Desenvolvida pelo médico oftalmologista Paulo Phillipe, essa técnica inovadora tem apresentado resultados promissores no tratamento de pacientes e no transplante de córnea. A criança nasceu em fevereiro de 2022 com opacidade nas córneas, o que resultou em sua cegueira desde o nascimento.
Após uma avaliação cuidadosa, foi diagnosticada na criança a Anomalia de Peters Tipo 1, uma condição rara em que a córnea nasce opaca. Devido à gravidade do caso, um transplante de córnea foi considerado a solução mais adequada. No entanto, o hospital onde o Dr. Phillipe atuava enfrentava limitações, pois não possuía o equipamento necessário para realizar a cirurgia.
Diante desse desafio, o Dr. Phillipe recorreu à sua criação da sua própria técnica, conhecida como IP-DSEK. Essa abordagem, baseada em modificações da técnica DSEK desenvolvida pelo Dr. Melles, mostrou-se fundamental para o sucesso do procedimento. A técnica envolve a inversão do botão corneano, com o endotélio voltado para cima, e um corte mais preciso, resultando em uma lâmina mais fina e uniforme. Essa inovação não apenas melhorou o prognóstico visual da paciente, mas também reduziu o risco de rejeição.
Em 2022, a primeira cirurgia de transplante foi realizada no primeiro olho da recém-nascida, quando ela tinha apenas dois meses de idade. Dois meses depois, o segundo olho também passou pelo procedimento, alcançando resultados igualmente positivos. Essa intervenção cirúrgica permitiu que a criança experimentasse a visão pela primeira vez, trazendo alegria e esperança para sua família.
“A fila para transplantes de córnea no Rio é longa, com cerca de quatro mil pacientes esperando. Portanto, minha principal preocupação é aumentar o acesso ao transplante de córnea, pressionando autoridades e buscando soluções para melhorar a situação”, afirma o Dr. Paulo. O especialista está empenhado em capacitar médicos altamente qualificados para atender a essa crescente demanda e fornecer os cuidados necessários aos pacientes.
O sucesso desse caso e o trabalho pioneiro do especialista foram reconhecidos pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, que concedeu ao médico a medalha Redentor. A técnica IP-DSEK representa um avanço significativo no campo da oftalmologia, reafirmando o potencial da medicina para transformar vidas.
Redação Vida & Tal