O novo pacto global da Organização Mundial da Saúde (OMS), lançado no último dia 14 de abril, na Cúpula Global da Diabetes, copatrocinada pela OMS e pelo governo do Canadá com o apoio da Universidade de Toronto, tem o objetivo de impulsionar os esforços para prevenir a diabetes e levar o tratamento a todas as pessoas que precisam ̶ 100 anos após a descoberta da insulina.
Participaram do evento, chefes de governo, o embaixador global da OMS para Doenças e Lesões Não Transmissíveis, Michael R. Bloomberg, ministros da saúde de vários países, bem como especialistas em diabetes, parceiros da sociedade civil e representantes do setor privado.
Na oportunidade, o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus destacou que o número de pessoas com diabetes quadruplicou nos últimos 40 anos.
“A necessidade de tomar medidas urgentes contra a diabetes está mais clara do que nunca É a única doença não transmissível importante para a qual o risco de morte precoce está aumentando, em vez de diminuindo. E uma alta proporção de pessoas gravemente doentes hospitalizadas com Covid-19 têm diabetes. O pacto global ajudará a catalisar o compromisso político de ação para aumentar a acessibilidade e disponibilidade de medicamentos que salvam vidas e também para sua prevenção e diagnóstico”.
A ministra da Saúde do Canadá, Patty Hajdu ressaltou que o país tem uma história de pesquisa e inovação em diabetes da qual se orgulha, pois desde a descoberta da insulina em 1921, trabalham para apoiar as pessoas que vivem com a doença.
“Mas não podemos enfrentar a diabetes sozinhos. Cada um de nós deve compartilhar conhecimento e promover a colaboração internacional para ajudar as pessoas com diabetes a viverem mais e com mais saúde – no Canadá e em todo o mundo”, lembra.
Ação urgente necessária para aumentar acesso à insulina
A introdução de um programa piloto de pré-qualificação de insulina pela OMS em 2019 foi um passo importante. Atualmente o mercado deste produto é dominado por três empresas. A pré-qualificação da insulina produzida por mais fabricantes poderia ajudar a aumentar a disponibilidade do hormônio de qualidade garantida para países que atualmente não atendem à demanda.
Também já estão em andamento discussões com fabricantes de insulina e outros medicamentos para diabetes e ferramentas de diagnóstico sobre caminhos que poderiam ajudar a atender a demanda a preços que os países podem pagar. A insulina não é o único produto escasso: muitas pessoas lutam para obter e
pagar medidores de glicose no sangue e tiras de teste.
Além disso, cerca de metade de todos os adultos com diabetes tipo 2 permanecem sem diagnóstico e 50% das pessoas com essa forma de diabetes não recebem a insulina de que precisam, o que as coloca em risco evitável de complicações debilitantes e irreversíveis, como morte precoce, amputações de membros e perda de visão.
A inovação será um dos principais componentes do pacto, com foco no desenvolvimento e avaliação de tecnologias de baixo custo e soluções digitais para o tratamento da diabetes.
Metas globais a serem acordadas
O pacto também se concentrará em catalisar o progresso, estabelecendo metas de cobertura global para o tratamento da diabetes. Uma “etiqueta de preço global” quantificará os custos e benefícios de cumprir essas novas metas. A iniciativa também defenderá o cumprimento do compromisso assumido pelos governos de incluir a prevenção e o tratamento da doença na atenção primária à saúde e como parte da cobertura universal de saúde.
De acordo com Bente Mikkelsen, diretor do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da OMS, um dos principais objetivos do pacto global é unir as principais partes interessadas dos setores público e privado e, criticamente, pessoas que vivem com diabetes, em torno de uma agenda comum, para gerar um novo impulso e cocriar soluções.
“A abordagem ‘mãos à obra’ para a resposta à Covid-19 está nos mostrando o que pode ser alcançado quando diferentes setores trabalham juntos para encontrar soluções a um problema urgente de saúde pública”, declara.
A inovação será um dos principais componentes do pacto, com foco no desenvolvimento e avaliação de tecnologias de baixo custo e soluções digitais para o tratamento da diabetes.
As pessoas que assistirem à Cúpula ouvirão pessoas que vivem com diabetes da Índia, Líbano, Cingapura, República Unida da Tanzânia, Estados Unidos e Zimbábue sobre os desafios que enfrentam no controle da doença e como esses podem ser superados. Parte da Cúpula foi projetada em conjunto com pessoas que vivem com diabetes e lhes dará uma plataforma global para explicar o que esperam do pacto e como gostariam de se envolver em seu futuro desenvolvimento e implementação.
“É hora de criar um impulso não apenas para viver com a diabetes, mas prosperar com ela. Devemos agarrar a oportunidade do pacto e usá-lo para garantir que possamos olhar para trás em alguns anos e dizer que, finalmente, nossos países estão equipados para ajudar as pessoas com diabetes a terem vidas saudáveis e produtivas”, argumenta Apoorva Gomber, participante da cúpula e defensora da causa que vive com diabetes tipo 1.
Redação Vida & Tal
Fonte: Organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial de Saúde (Opas/OMS)