A noite da sexta-feira, 24 de março, corria normalmente na casa da família do dentista aposentado Ricardo Godinho, de 70 anos. Ele e a esposa, Sandra Kineippe, conversavam quando ela notou que a fala do marido começou a ficar enrolada e logo ele perdeu as forças do lado esquerdo do corpo. Sandra, que é médica, reconheceu os sinais de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“Era preciso agir rapidamente e buscar atendimento médico imediatamente”, lembra ela, que prontamente levou o marido à Emergência do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ).
Chegando lá, enquanto Sandra preenchia os dados do paciente na recepção, o maqueiro deu início aos protocolos de atendimento especializado para casos de AVC. Ricardo foi levado para uma sala para monitorização, procedimentos necessários e encaminhamento ao setor de tomografia. Em menos de 30 minutos, o paciente já estava recebendo a medicação necessária e logo houve melhora parcial dos déficits motor e da fala. Posteriormente, foi levado ao centro de terapia intensiva, para vigilância neurológica.
A recuperação progressiva dos movimentos do lado esquerdo do corpo continuou no dia seguinte. Ricardo segue fazendo acompanhamento com fisioterapeuta, fonoaudióloga e nutricionista, para recuperar plenamente movimentos, fala e deglutição.
“O AVC é uma emergência médica. Quanto mais rapidamente o paciente for levado ao hospital, melhores as chances de tratamento”, alerta a coordenadora da Emergência do HSVP, a cardiologista Ana Flávia Cassini.
“Quando o paciente é levado à Emergência rapidamente, podemos reduzir e até mesmo zerar as possíveis sequelas do AVC. Nestes casos, dizemos que tempo é cérebro!”, afirma.
O chefe do serviço de Neurologia do Hospital, Alexandre Hatum, explica por que é tão importante buscar atendimento com urgência: “No caso do AVC isquêmico, é possível desobstruir a artéria caso o paciente consiga chegar ao hospital em até 4 horas e meia.”, salienta o especialista.
O HSVP é referência em atendimento a casos de AVC e integra a Iniciativa Angels, um programa internacional voltado ao tratamento do AVC isquêmico que conta, no Brasil, com 150 hospitais com equipes altamente especializadas. Recentemente, o hospital realizou um amplo programa de treinamento, que teve como objetivos atualizar a equipe assistencial e conscientizar os colaboradores de outras áreas sobre a importância do rápido reconhecimento do AVC. Foram capacitados colaboradores da área administrativa e demais funcionários de apoio, inclusive do estacionamento, assim como familiares, acompanhantes e os próprios pacientes.
“Qualquer pessoa na rua, no trabalho, na escola ou em casa pode presenciar alguém tendo um AVC e isso é fundamental para o sucesso do tratamento”, reforça Ana Flávia. Hatum alerta: “A cada 30 minutos um paciente com AVC, que poderia ter sido salvo, morre ou fica com sequelas porque não foi assistido por uma equipe especializada”.
Aprenda a reconhecer
O AVC é uma alteração súbita do fluxo sanguíneo cerebral, quando ocorre ruptura (AVC hemorrágico) ou bloqueio por um coágulo (AVC isquêmico). O AVC pode ocorrer em pessoas de todas as idades e atinge mais homens do que mulheres. Entre os fatores de risco estão hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, sobrepeso e obesidade, tabagismo, uso excessivo de álcool, idade avançada, sedentarismo, uso de drogas ilícitas e histórico familiar.
Os principais sintomas do AVC incluem fraqueza em um lado do corpo, dificuldade para falar ou entender a fala, perda de visão em um ou ambos os olhos, tontura ou desequilíbrio e dor de cabeça súbita e intensa. O paciente pode ainda apresentar um quadro de desorientação. É importante lembrar que esses sintomas podem ocorrer isoladamente ou em conjunto, e que quanto mais rápido o paciente receber assistência médica, maiores são as chances de recuperação.
A dica dos médicos para reconhecer de forma rápida os sintomas de AVC é lembrar da sigla SAMU:
– Sorriso: peça para a pessoa sorrir. Se o sorriso sair torto ou se a boca entortar para um dos lados, é um indicativo de AVC;
– Abraço: peça para a pessoa levantar os braços, como se fosse dar um abraço. Se ela apresentar dificuldade para levantar um dos braços ou após levantá-los, um deles cair, é indicativo de AVC;
– Mensagem: peça para a pessoa repetir uma frase ou mensagem. Se não ela compreender ou não conseguir repetir, pode ser indicativo de AVC;
– Urgente: caso tenha identificado pelo menos um dos sintomas acima, procure imediatamente um serviço de Emergência.
Redação Vida & Tal