Beldroega, bertalha, ora-pro-nobis, capuchinha, mangarito, taioba, caruru, vinagreira, peixinho, almeirão de árvore. Esses são só alguns dos vários exemplos de Plantas Alimentícias Não Convencionais, as chamadas Panc’s.
Segundo o “Manual de Hortaliças Não Convencionais”, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 2010, “as hortaliças não convencionais são aquelas com distribuição limitada, restrita a determinadas localidades ou regiões”, se constituindo em “espécies que não estão organizadas enquanto cadeia produtiva propriamente dita, não despertando o interesse comercial por parte das empresas de sementes, fertilizantes ou agroquímicos”.
De acordo com o engenheiro agrônomo Osmar Mosca Diz, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo de São Paulo, enriquecer os canteiros com essas plantas é contribuir para a sustentabilidade dos agroecossistemas, bem como investir na diversificação da alimentação.
“A importância das PANCs se baseia no grande potencial agrícola a ser desenvolvido, sobretudo como proposta para a diversificação das pequenas propriedades rurais; e também no valor nutricional que detêm e a sua relação direta com a boa saúde, o que as tornam ainda mais essenciais neste momento vivido com a COVID-19, em que fortalecer o sistema imunológico deve ser uma prioridade”, declara o engenheiro que atua na Divisão de Extensão Rural (Dextru) da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) do Estado de São Paulo.
Entre as espécies, que têm as hortaliças como principais destaques, também estão os legumes, raízes e tubérculos, as quais também são conhecidas como “ruderais” ou “tradicionais”.
“Existem muitas outras, algumas das quais tidas como ‘mato’ ou até mesmo ‘plantas daninhas’, mas que na verdade são valiosas, nutritivas e podem contribuir no combate à fome e enriquecer a merenda das escolas, das famílias e das comunidades (rurais e urbanas), sobretudo entre as populações com maior vulnerabilidade social”, avalia Osmar.
No que se refere ao cultivo, essas plantas, na maioria dos casos, são rústicas, de fácil dispersão e propagação, requerendo poucos cuidados na comparação com a maioria das plantas convencionalmente cultivadas, tais como alface, couves, repolhos ou tomates.
O agrônomo explica que muitas das PANCs podem ocorrer de forma subespontânea em locais como beiras de calçadas, terrenos baldios, canteiros, hortas em quintas ou jardins, o que só ratifica a grande viabilidade técnica para o cultivo.
Entre as principais espécies de PANCs, destaca-se a ora-pro-nobis, também conhecida como “lobrobó” e “bife dos pobres”, em razão de seu valor nutricional.
“Trata-se de uma planta nativa nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, pertencente à família botânica das Cactaceas, cujo nome científico é Pereskiaaculeata”, revela o agrônomo, destacando que a planta é um arbusto semilenhoso perene, espinhoso e ramificado, podendo se comportar como trepadeira.
Os frutos são pequenas bagas amarelas, contendo espinhos facilmente removíveis. É uma planta rústica, que se adapta a vários tipos de solo e situações climáticas. Além do seu alto valor como alimento, apresenta-se também como ótima opção como pasto para a meliponicultura e apicultura, na confecção de cerca-viva e como jardim ornamental comestível.
As folhas ricas em proteínas, aminoácidos essenciais e minerais como ferro, potássio, cálcio, magnésio, a exemplo da ora-pro-nobis, são bem utilizadas no preparo de refogados, cuscuz, omeletes, tortas, pães, bolos, inclusive entre renomados Chefs da alta gastronomia. Já os frutos, ricos em carotenoides e fontes de vitamina C, são utilizados no preparo de sucos e geleias, sem deixar de citar as flores, que são comestíveis.
Redação Vida & Tal com informações do Governo do Estado de São Paulo