Um estudo liderado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) identificou anticorpos contra o novo coronavírus em um gato e um cachorro de rua do Rio de Janeiro. O achado indica que os animais foram expostos ao Sars-CoV-2, desenvolvendo resposta imune contra o patógeno. Publicada na revista científica internacional Plos One, a pesquisa foi realizada pelos Laboratórios de Imunologia Viral, de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, de Morfologia e Morfogênese Viral e de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, em parceria com a Universidade Texas A&M (EUA), e a Clínica Veterinária Animal Help (RJ).
De acordo com os cientistas, a infecção de animais vem sendo registrada em diferentes partes do mundo, principalmente em bichos de estimação, que vivem em casas com pessoas acometidas pela Covid-19. No entanto, alguns estudos internacionais já apontaram sinais de infecção de animais de rua e em zoológicos. Para os pesquisadores, o resultado do novo trabalho reforça as evidências sobre a exposição de bichos ao novo coronavírus durante a pandemia.
“Os resultados atuais estão de acordo com as pesquisas anteriores que sugerem a transmissão humano-animal do Sars-CoV-2. Por essa razão, a investigação em populações animais, através de uma abordagem de Saúde Única, é necessária e deve ser encorajada”, dizem os cientistas no artigo, ressaltando que não existem evidências de transmissão da Covid-19 para os seres humanos a partir de cães e gatos.
“Reforçamos que qualquer tentativa de abandonar ou maltratar os animais é condenável e não se justifica”, enfatizam.
Levantamento
Com o objetivo de fazer um levantamento das infecções em animais durante a pandemia, os cientistas analisaram amostras de bichos levados a duas clínicas veterinárias do Rio de Janeiro entre junho e agosto de 2020. Ao todo, 96 animais foram examinados, sendo 49 gatos e 47 cachorros. A investigação contemplou bichos de estimação que viviam em casas com e sem registros de casos de Covid-19 e animais de rua recém acolhidos por organizações não governamentais.
Anticorpos neutralizantes específicos para Sars-CoV-2 foram detectados no soro de um gato e um cachorro de rua através do teste de neutralização por redução de placa (conhecido pela sigla em inglês PRNT90), uma metodologia de ensaio sorológico altamente específica. Exames de PCR, que detectam o genoma do Sars-CoV-2, apontando a infecção em curso, também foram realizados. Neste caso, os testes foram realizados em amostras de swab (cotonete longo e estéril) orofaríngeo e anal. Porém, nenhum animal apresentou resultado positivo.
Redação Vida & Tal
Fonte: IOC/Fiocruz