Após a recuperação da covid-19, alguns sintomas podem persistir. A queda de cabelo é um deles e pode acontecer assim que o paciente recebe o diagnóstico de cura da doença. De acordo com a presidente do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Fabiane Mulinari Brenner, a perda de cabelo não é uma particularidade exclusiva dos casos de covid. Em diversas infecções graves, como a pneumonia, pode ocorrer o mesmo fenômeno entre dois e três meses depois.
“Entretanto, trabalhos realizados por pesquisadores estrangeiros revelam que, na covid-19, a queda acontece de forma muito mais precoce, sendo percebida de seis a oito semanas depois da doença”, explica a presidente.
Segundo pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia, a queda de cabelo aparece entre os cinco sintomas mais relatados por pacientes após a recuperação da covid-10. A conclusão veio após dezenas de estudos sobre o tema, envolvendo um total de 48 mil pacientes. Dentre os quadros mais recorrentes, surgiram: fadiga (58%), dor de cabeça (44%), dificuldade de atenção (27%), perda de cabelo (25%) e falta de ar (24%).
Febre alta x queda de cabelo
As causas da queda de cabelo podem ser diversas, sendo a ocorrência de febre alta uma delas. Para Fabiane Mulinari Brenner, pacientes que apresentam temperatura alta ou quadros mais graves da covid-19 podem, consequentemente, relatar mais queda de cabelo.
“A própria infecção, o emagrecimento, o estresse pela doença ou a redução da oxigenação do folículo capilar também justificam essa alteração”, explica Fabiane.
A presidente do Departamento de Cabelos da SBD confirmou que de um a cada quatro pacientes que têm covid-19 com sintomas estabelecidos, excluindo os assintomáticos, costumam apresentar queixa de queda capilar depois do evento. Mas a tendência, contudo, é de retomada dos fios.
“Não é uma queda cicatricial, isto é, não deixa cicatrizes. O paciente vai ter uma perda abrupta, mas esse cabelo vai se recuperar na sequência. Como caíram muitos fios, eles demoram a recuperar o volume. O cabelo cresce, mais ou menos, um centímetro por mês. Ao final de 75 dias, em média, os fios acabam voltando na sua densidade e, como vão voltar curtinhos, demora a preencher o volume do rabo de cavalo, em uma mulher, por exemplo”, elucida.
Porém, há fatores que podem influenciar nesse processo, como a existência de outras doenças prévias ou alteração anterior no couro cabeludo, como calvície. Nessas situações, a somatória de queda de cabelos decorrente da covid-19 pode deixar realmente o couro cabeludo muito aberto, informa Fabiane Mulinari Brenner.
“Como caíram muitos fios, eles voltam um pouco mais finos e, aí, o couro cabeludo não recupera 100% do que tinha antes da crise”, observa.
Ciclo
Fabiane explica ainda que, nas pessoas sem o acometimento de doenças infecciosas, o cabelo tem um ciclo. Cada fio fica em processo de crescimento por mais ou menos seis anos, entra na chamada fase de repouso em que vai acabar caindo e logo substituído por um fio a igual a ele.
“Isso deve acontecer de forma aleatória no couro cabeludo, sem que se perceba efetivamente redução do volume geral. No caso de uma infecção importante, como a covid-19, e de diversas outras doenças, muitos fios vão entrar nessa fase de repouso do crescimento, e os fios só cairão entre dois e três meses após o evento da doença”, conclui.
Diante dessa situação, e de quadros semelhantes, a recomendação é buscar o suporte de um dermatologista capacitado para fazer um diagnóstico e prescrever tratamentos adequados ao problema, evitando efeitos duradouros.
Redação Vida & Tal
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)