Cerca de 36% das pessoas que passam pela fase aguda da Covid-19, apresentam algum tipo de problema neurológico, como dor de cabeça, perda de olfato/paladar, alteração na consciência e tontura. Segundo levantamento feito pelo neurologista Luiz Paulo de Queiroz, responsável pelos ambulatórios de Cefaleia e Neurologia Geral do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU/UFSC), os problemas agudos são tratados durante a internação hospitalar do paciente, mas há casos de pacientes que apresentam estes sintomas mesmo após a alta.
“Os casos em que estes problemas persistem após passado mais de um mês, são classificados como sequelas da doença, ou Síndrome Pós-Covid-19. Até 70% dos pacientes que tiveram casos graves sofrem com estes sintomas persistentes”, afirma.
Os levantamentos realizados pelo médico foram apresentados em um evento científico virtual organizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (Santa Catarina), mostrando a visão de profissionais das áreas de cardiologia, pneumologia, psiquiatria e neurologia.
De acordo com o especialista, as manifestações neurológicas nos casos de Síndrome Pós-Covid-19 ocorrem em 20% a 70% dos pacientes, sendo a faixa menor para os casos leves e a faixa maior para os casos graves. A queixa mais frequente apresentada pelos pacientes curados de Covid é a fadiga persistente, casos em que a pessoa relata dificuldade para realizar tarefas cotidianas, como levantar-se ou subir alguns degraus, por exemplo.
O médico explica ainda que os pacientes reclamam ainda de dor de cabeça (cefaleia), numa faixa de 38% dos casos em seis meses após a alta. Segundo ele, ocorrem casos de dores novas e persistentes ou aumento da sensação de dor no caso de cefaleias que o paciente já tinha (enxaqueca). Outros sintomas comuns de Síndrome Pós-Covid-19 são a perda do olfato e/ou paladar e o chamado “brain fog” ou embotamento mental, quando o paciente apresenta redução da memória, dificuldade de concentração, déficit de atenção e dificuldades na linguagem, por exemplo.
Queiroz ressalta para a importância desses pacientes receberem acompanhamento de equipes multidisciplinares após a alta.
“Casos identificados como problemas neurológicos são encaminhados para o ambulatório do HU. Há, ainda, pacientes que procuram o serviço de atenção básica à saúde e são encaminhados para acompanhamento e tratamento neurológico, se for o caso”, finaliza.
Redação Vida & Tal
Fonte: Unidade de Comunicação Social/Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago/HU-UFSC