A polêmica mais recente envolvendo a eficácia, mitos e verdades sobre a tão sonhada e esperada vacina contra o Coronavírus, traz à tona um assunto pouco discutido, porém muito comum em várias culturas – a rejeição à prática da vacinação por boa parte da população mundial.
Segundo um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas, e da London School of Hygiene and Tropical Medicine, com 952 entrevistados, a taxa geral de hesitação vacinal foi de 16,5%. Dos 352 pais com filhos menores de cinco anos, 81 (23%) hesitaram em vacinar seus filhos e seis recusaram totalmente (7,4%). A maior porcentagem geral de motivos para hesitação foi devido a problemas de confiança.
Conforme os resultados da pesquisa, esse comportamento causa preocupação, já que tem sido associado ao ressurgimento de doenças evitáveis por vacinas, como o sarampo, nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, a cobertura da vacina contra sarampo-caxumba-rubéola vem caindo constantemente desde 2013, o que pode representar um risco de novos surtos de doenças evitáveis por vacinação
De acordo com Alfredo Elias Gilio, coordenador médico da Clínica de Imunização do Hospital Albert Einstein, a vacinação é fundamental ainda nos primeiros meses de vida para proteger a crianças de doenças graves, e até mesmo fatais.
“Com a vacinação, além de proteger a criança, nós também protegemos os seus contatos de muitas doenças transmissíveis. É importante esclarecer que as vacinas disponíveis atualmente são bastante seguras e eficazes. Dessa forma, manter o calendário de vacinação da criança em dia é acima de tudo um ato de amor para com a criança e um ato de responsabilidade social com os seus contatos”, declara o médico para o blog Vida Saudável, do Einstein.
Pensando em desmistificar lendas, boatos e possíveis dúvidas acerca dos principais efeitos, riscos e consequências da imunização à saúde, o médico elaborou uma lista esclarecendo sobre os mitos e verdades da vacina. Confira:
– Vacinas podem causar reações, como febres e inflamação local?
Verdade: mas as reações costumam ser leves e desaparecem sozinhas.
– É perigoso tomar duas vacinas ou mais de uma só vez.
Mito: o sistema imunológico da criança é perfeitamente capaz de suportar muitas vacinas de uma vez.
– Quem é saudável não precisa se vacinar.
Mito: uma das grandes vantagens das vacinas é justamente prevenir doenças que são muitas vezes potencialmente graves, mesmo para pessoas saudáveis.
– Todas as vacinas estão disponíveis na rede pública.
Mito: o calendário do Programa Nacional de Imunizações, que está disponível na rede pública, é bastante completo e um dos melhores do mundo. Entretanto, existem outras vacinas que não estão disponíveis na rede pública.
– Vacinas causam autismo.
Mito: as vacinas não causam autismo.
– Quem é alérgico a ovo não deve tomar algumas vacinas.
Verdade: as vacinas disponíveis atualmente são bastante purificadas, entretanto, apenas para algumas vacinas as pessoas com alergia grave a ovo não podem ser vacinadas como, por exemplo, a vacina para Febre Amarela.
– Vacina pode até prevenir câncer.
Verdade: por evitarem hepatites e HPV, as vacinas diminuem as chances do surgimento de câncer no fígado e no colo do útero.
– Algumas vacinas exigem mais de uma dose, porém a primeira dose já imuniza a pessoa.
Mito: para o desenvolvimento de imunidade adequada para prevenir as doenças causadas por vírus e bactérias é necessário seguir corretamente o calendário de vacinação.
– Portadores de doenças crônicas como diabetes e hipertensão não podem se vacinar.
Mito: essas pessoas compõem, na verdade, um grupo de risco que é prioritário nos programas de imunização.
– Algumas vacinas precisam ser tomadas com certa frequência.
Verdade: por exemplo, em todos os anos novas formulações da vacina contra a gripe são disponibilizadas, tétano e difteria requerem nova aplicação a cada dez anos etc.
Redação Vida & Tal
Fonte: Hospital Albert Einstein e Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz