Segundo dados divulgados em dezembro de 2020 pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS), o Brasil foi o país que mais realizou cirurgias estéticas no ano de 2019, o que corresponde a 13,1% do total realizado em todo o mundo. De acordo com a cirurgiã plástica Maiéve Corralo, diretora do Instituto Maiéve Corralo em Copacabana (RJ), o país líder mundial em procedimentos íntimos realiza cerca de 21 mil cirurgias por ano.
Ainda de acordo com a cirurgiã, esses números vêm crescendo desde 2015, e desde o início da pandemia pelo novo coronavírus, o Instituto registrou um aumento de 100% na procura pela ninfoplastia, seguido por procedimentos estéticos não cirúrgicos como botox, preenchimento e lasers.
“O aumento da procura pela cirurgia íntima pode estar relacionado com o uso da depilação completa ou mais cavada, assim como a diminuição dos tabus e ao empoderamento feminino. Além do fato das pessoas estarem mais em casa, num ritmo menor e com isso passaram a dar mais atenção e a tentar resolver os problemas que na correria do dia a dia acabam deixando para depois”, declara a médica.
Para ajudar a entender o que é, como funciona e quando é indicado a realização do procedimento minimamente invasivo que vem fazendo a cabeça da mulherada, confira a entrevista exclusiva da Maiéve Corralo ao Vida & Tal:
O que é a ninfoplastia?
É a cirurgia plástica da genitália feminina, que pode diminuir os pequenos lábios, o prepúcio do clitóris ou o próprio clitóris, pode diminuir os grandes lábios vaginais e o monte pubiano com lipoaspiração ou pode preencher os grandes lábios com gordura, ácido hialurônico ou hidroxiapatita para trazer um aspecto mais jovem e com turgor.
Quem pode fazer, quando há indicação?
Mulheres a partir dos 18 anos. A indicação existe quando a estética genital incomoda a mulher ou quando os pequenos lábios hipertrofiamos passam a machucar na atividade física, ao contato com a calcinha ou durante o ato sexual.
Como é o procedimento? Precisa de internação? Qual tipo de anestesia?
O procedimento pode ser realizado em ambiente ambulatorial, sem internação, sob anestesia local (tópica + injetável). Podemos fazer a cirurgia clássica com uso de pontos absorvíveis ou com uso de laser de co2, sem pontos, com recuperação mais rápida, esta última é a minha preferência.
Existe alguma contraindicação?
Doenças clínicas graves que contraindiquem procedimentos cirúrgicos, mas como é um procedimento de pequeno porte quase não existe contraindicação.
Como se dá o processo de recuperação?
Nos primeiros dois dias pós-operatórios a paciente sente queimação no local e por isto aconselha-se o uso de compressas geladas que além de melhorarem a ardência, diminuem o edema (inchaço) e diminuem o sangramento. É comum a queixa de queimação ao urinar que se resolve com o uso de pomada hidratante imediatamente antes de urinar. Usualmente com 15-20 dias a ferida já está cicatrizada, mas o inchaço pode levar cerca 3-4 meses para regredir completamente.
Em quanto tempo após a cirurgia é possível voltar a vida sexual?
Usualmente após 15-20 dias, dependendo da completa cicatrização da ferida.
Há perda da sensibilidade após o procedimento?
Perda de sensibilidade não é uma queixa frequente, tendo em vista o fato de que a cirurgia não atinge a inervação clitoriana, mas alterações transitórias de sensibilidade no corte cirúrgico podem acontecer e costumam se resolver em cerca de 3-4 meses quando ocorrem.
Há uma faixa etária mais comum entre essas mulheres que buscam o procedimento e quais as principais causas?
Na minha clínica a procura maior é nas mulheres na faixa entre os 30 e 50 anos, mas notamos um aumento da procura por mulheres mais jovens. As principais causas são principalmente o aumento dos pequenos lábios, seguida por plástica do prepúcio do clitóris e lipoaspiração do púbis com enxertia nos grandes lábios. Pacientes atletas ou que perderam muito peso procuram preenchimento dos grandes lábios com ácido hialurônico.
Podemos falar em valores? Há cobertura pelos planos de saúde?
O valor da cirurgia depende da avaliação da complexidade de cada procedimento e da necessidade de associações. Usualmente a cirurgia tem caráter estético e não costuma ter cobertura pelos planos de saúde, finaliza.
Redação Vida & Tal