Diante da notificação sobre desabastecimento do bussulfano, fármaco essencial para a realização do transplante de medula óssea no Brasil, a Sociedade Brasileira de Transplantes de Medula Óssea (SBTMO) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), têm buscado soluções para impedir que haja a falta do medicamento no país.
De acordo com os órgãos, após o comunicado quanto a descontinuação da distribuição da medicação, em 23 de novembro de 2020 pelos “Laboratórios Pierre Fabre do Brasil Ltda.”, foi encaminhado um ofício, em 25 de novembro, à diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e ao Ministério da Saúde, no intuito de encontrar uma estratégia que possa evitar o fato e uma pronta solução.
Um ofício expedido pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) foi enviado aos cuidados do Ministro da Saúde Eduardo Pazuello reforçando a solicitação. Mas até o momento, ainda não houve retorno.
Segundo a SBTMO, ainda na primeira semana de dezembro, a Pierre Fabre informou sobre a possibilidade da manutenção do fornecimento normal da medicação ao longo de 2021. Entretanto, caso haja mesmo a interrupção do acesso ao bussulfano, será inviável a realização de qualquer tipo de transplante em todo o território nacional, seja este adulto ou pediátrico.
Dados
Conforme dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT – Ano XXV Num. 4 Jan/Dez de 2019), somente em 2019, foram realizados 3.805 transplantes de medula óssea em adultos (entre alogênicos e autólogos) e 534 pediátricos.
Sem o fármaco, nenhum destes procedimentos teria sido realizado, o que poderia significar um desfecho negativo, com óbitos, no processo terapêutico dos pacientes onco-hematológicos com diagnósticos de doenças como a leucemia mieloide crônica que tem o indicativo do TCTH.
Para os pais do pequeno Gustavo Almeida Chagas, de apenas 4 anos, diagnosticado com Leucemia Mieloide Aguda do subtipo M07, em maio de 2020, a descontinuação do abastecimento do Bussulfano é algo alarmante, um contrassenso que impactará negativamente na vida de milhares de famílias.
“Há quase 8 meses lutamos contra essa terrível doença. O Gu será submetido ao transplante de medula óssea em fevereiro e essa medicação, uma droga barata, é essencial para sua realização. Ainda entraremos no grupo dos pacientes que serão assistidos com as últimas unidades disponíveis no estoque. Mas e se fosse nos próximos meses? Como faríamos? Essa é uma causa nobre, vital e urgente, que requer a devida atenção da população, da mídia, das autoridades e dos órgãos de saúde competentes. A interrupção do fornecimento do Bussulfano no Brasil não só põe em risco o TMO, como representa a sentença de morte para inúmeras famílias que batalham diariamente contra a doença e depositam neste procedimento as chances de cura. Não se trata de um objetivo individual, mas de uma causa coletiva mais abrangente. O nosso apelo é para que a saúde pública e a vida humana estejam sempre em primeiro plano”, ressalta Taiana Chagas, mãe do paciente que mantém uma campanha ativa na rede social Instagram – @unidosporgu.
Há também uma petição pelo impedimento da descontinuação do bussulfano, que até o momento já conta com mais de 175 mil assinaturas no portal Avaaz. Para assinar basta acessar o link:
Redação Vida & Tal
Fonte: Sociedade Brasileira de Transplantes de Medula Óssea (SBTMO)