A cantora Anitta anunciou, por meio de suas redes sociais, que passará por uma cirurgia após o diagnóstico de endometriose. Ela disse que sofre há 9 anos com a doença que só foi descoberta agora e provoca dores intensas. De acordo com o especialista na doença, Claudio Crispi Jr, médico do serviço de Ginecologia do Hospital São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro, a endometriose atinge entre 10 a 15% da população feminina em idade reprodutiva.
“Um número entre 80 e 90% dessas mulheres têm um quadro clínico exacerbado de dor, como fortes cólicas menstruais e dores nas relações sexuais, dores para evacuar e urinar e, não raro, dor pélvica crônica permanente (sem relação obrigatória com a menstruação), o que leva a uma condição péssima da qualidade de vida”, esclarece. Crispi explica que a endometriose faz parte de um grupo de doenças hormoniodependentes, que se desenvolvem e crescem por meio de estímulos do hormônio feminino estrogênio. Esse grupo de doenças inclui ainda câncer de mama, mioma e o câncer de endométrio.
Crispi explica que a principal forma de diagnóstico precoce da endometriose é estar atento aos quadros dolorosos. “Caso a mulher tenha cólicas menstruais e alguma outra manifestação dolorosa com as citadas anteriormente, podemos ter uma forte suspeita da endometriose e o médico deverá, então, orientar a paciente para controlar o problema, o que muitas vezes é feito com o uso de contraceptivos simples ou progesteronas isoladas.O anticoncepcional bloqueia a função do ovário e vai diminuir a chance desse crescimento do tecido do endométrio, reduzindo a inflamação causada por essa doença. Consequentemente, é possível uma melhora do quadro doloroso”, afirma.
Como o caso de Anitta, alguns quadros da doença têm indicação de tratamento cirúrgico. “A cirurgia visa a remoção de todos os focos visíveis da endometriose em tempo único. Essa é a melhor opção de tratamento para melhorar o quadro doloroso e também uma boa opção para combater a infertilidade, principalmente em pacientes jovens. A melhora na qualidade de vida e da redução da dor em mulheres que passam por uma cirurgia de endometriose é de 80 a 88% e temos uma melhora da infertilidade da ordem de 50%. A cirurgia normalmente é feita pela técnica videolaparoscópica, na qual não é preciso abrir o abdômen”, informa o especialista.
Infertilidade
E nos casos em que não há melhora da infertilidade? O especialista em reprodução humana assistida João Ricardo Auler explica como a endometriose leve ou severa pode interromper o sonho da maternidade e como ele ajuda mulheres a gerar seus bebês.
“A doença pode causar infertilidade por duas razões principais. Quando a endometriose é leve, ou seja, quando não há uma destruição da cavidade pélvica, consequente dos focos sanguíneos que refluem pelas trompas e migram para a cavidade pélvica, pode ocorrer um processo inflamatório, o que dificulta a implantação embrionária, levando à infertilidade. Já na endometriose avançada ocorre um problema mecânico onde se observa a destruição da cavidade pélvica podendo ocasionar as obstruções tubárias e aderências provocando problemas de infertilidade”, diz o médico, que é especialista em Medicina Reprodutiva pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
Segundo Auler, de uma forma geral, a saída para vencer a infertilidade, nestes casos, é recorrer a fertilização in vitro (FIV), congelando os embriões e, após este procedimento, tratar a endometriose de forma clínica ou cirúrgica com o objetivo de minimizar o processo inflamatório para a maior chance de implantação embrionária e perpetuação da gravidez.
Redação Vida & Tal
Fonte: SB Comunicação.