O Movimento Nacional de Conscientização sobre a Endometriose (MovEndo) acaba de ganhar uma força extra com as recentes declarações da cantora Anitta sobre a doença. Após nove anos de sintomas, só recentemente o diagnóstico foi confirmado e a cirurgia marcada. A cantora não especificou a data, mas disse que o procedimento já está agendado.
“Tive que cancelar muita coisa, mas era isso ou morrer de dor, não só depois do ato (sexual), mas também quando menstrua. Precisávamos agir rápido. Nove anos nesse sofrimento”, contou a artista em seus perfis no Twitter e Instagram. A endometriose afeta cerca de 10% das mulheres brasileiras. Estatísticas regionais revelam que aproximadamente 60% das mulheres inférteis na Bahia têm a doença.
A dificuldade de acesso da população a informações importantes sobre a endometriose é um dos fatores responsáveis pela demora no diagnóstico de muitos casos. Para mudar esta realidade, o MovEndo foi lançado em março deste ano.
“A declaração pública de uma artista como a Annita nos ajuda a alcançar o objetivo do MovEndo, que é propagar a conscientização sobre a endometriose, seus sintomas e tratamentos”, declarou o cirurgião ginecológico Marcos Travessa, fundador do Movimento. O relato da cantora de que nenhuma matéria, artigo ou site que ela consultou “cogita a cistite de repetição como um possível sintoma de endometriose” estimula muitas mulheres com inflamações recorrentes na bexiga a investigar a possibilidade do problema ter como origem a endometriose.
Segundo Marcos Travessa, em algumas pacientes, a endometriose não apresenta sintomas específicos, fato que pode retardar o diagnóstico. Em outros casos, porém, a paciente pode ser acometida por cólicas menstruais intensas e dor antes ou durante a menstruação; dor difusa ou crônica na região pélvica; fadiga crônica e exaustão; alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação e maior propensão às cistites (inflamações na bexiga), além da dificuldade para engravidar.
O diagnóstico é feito a partir de um histórico detalhado apresentado pela paciente durante uma consulta médica, associado ao exame físico, ultrassom e/ou ressonância magnética.
“Não há cura para a doença, mas se a mulher se submeter ao tratamento adequado, os incômodos e consequências podem ser diminuídos drasticamente, evitando, inclusive, que a paciente tenha sua capacidade fértil comprometida”, explicou o diretor do Centro de Endometriose da Bahia e do núcleo de ginecologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR).
O uso de contraceptivos hormonais pode ajudar a bloquear os hormônios femininos, controlando sintomas e evitando a progressão da doença. Além disso, mudanças comportamentais como dieta anti-inflamatória, exercício físico regular e hábitos de vida saudáveis, como restrição do uso de álcool e fim do tabagismo, dentre outras medidas, são fundamentais no controle dos sintomas.
Entenda a doença
A endometriose acontece devido ao crescimento inadequado do endométrio, tecido que recobre a parte interna do útero. Diante deste aumento anormal, o tecido pode migrar e se implantar em órgãos da região pélvica, atingindo principalmente ovários, parte inferior do útero, intestino e bexiga, gerando um processo inflamatório no organismo da mulher. Quando o tecido endometrial se aloja fora do útero, ele não tem como sair e acaba sangrando para dentro da cavidade abdominal, gerando um quadro de dor acentuada.
Ainda segundo o fundador do MovEndo, as implicações da doença são variadas e preocupantes. Uma delas é o fato da endometriose ser a principal causa de infertilidade feminina. Além disso, muitas mulheres ficam acamadas e sentem dores intensas no período menstrual. Outras tantas precisam recorrentemente ir a unidades de emergência para serem medicadas. “Por tudo isso, é tão importante que a doença seja muito bem tratada e que a população tenha acesso ao máximo possível de informações sobre a doença”, concluiu Marcos Travessa. Outros dados sobre a endometriose e sobre o MovEndo estão disponíveis no site www.movendobrasil.com.
Redação Vida & Tal
Fonte: Brandão Comunicação.