A esquizofrenia é, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a terceira causa de perda de qualidade de vida em pessoas entre 15 e 44 anos. O transtorno mental caracterizado pela perda de contato com a realidade, alucinações e falsas convicções atinge cerca de 1,6 milhão de pessoas no Brasil e é uma das doenças que mais leva pessoas para residências terapêuticas – casas construídas para responder às necessidades de moradia de pessoas que possuem esse ou qualquer outro tipo de transtorno mental mais grave.
Segundo Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica, a esquizofrenia é um transtorno mental tão agressivo, que não é classificado como leve, moderado ou grave.
“Na grande maioria dos casos, trata-se de uma doença em que a pessoa não consegue dar conta da própria vida, mas é claro que existem algumas exceções”, afirma ele. Ainda de acordo com o especialista, quando nem mesmo a família consegue dar conta desse paciente, a residência terapêutica é uma ótima alternativa.
Ao falarmos de esquizofrenia, automaticamente as pessoas pensam em sintomas como alucinação e delírio, mas, segundo Lipman, os sinais vão muito além.
“Esses são os mais comuns e os que todo mundo conhece, mas é uma doença que envolve muito mais do que isso”, comenta ele.
Movimentos anormais
Sim, alucinação e delírio talvez sejam as maiores associações com o esquizofrênico, mas quem tem essa condição também apresentará, na maioria das vezes, movimentos anormais do corpo. “Isso acontece quando o paciente está nervoso e ansioso. Assim, ele torna seus sentimentos perceptíveis para quem vê de fora”, comenta o psiquiatra.
Em resumo, o paciente pode permanecer com uma postura estranha, realizar movimentos repetidos e até mesmo ficar completamente imóvel por longos períodos.
Isolamento social
O isolamento social é um sintoma que aparece em diversos tipos de transtornos. Quando a pessoa sofre com depressão, por exemplo, ela tende a se afastar dos outros e, não à toa, a esquizofrenia pode ser confundida com essa e outras doenças mentais. Além disso, o esquizofrênico tende a ter crises de ansiedade e está propenso a essa espécie de solidão.
“Quando esse isolamento acontece excessivamente e combinada com outras situações, ela pode até mesmo ajudar a diagnosticar o transtorno, já para quem tem o diagnóstico e é tratado, isso pode ser controlado”, explica o Dr. Lipman.
Alterações de comportamento
Assim como todo transtorno mental, a esquizofrenia muda o modo como a pessoa se sente, se comporta e pensa e por isso as alterações de comportamento são comuns nesse indivíduos.
“Uma doença psíquica vai causar alterações comportamentais no indivíduo que vai depender de sua intensidade e gravidade, no caso da esquizofrenia, isso pode resultar em agressividade, indiferença e até mesmo síndrome do pânico”, comenta o especialista.
Medo e raiva
De acordo com Lipman, o medo faz parte da rotina do esquizofrênico e está diretamente ligado ao fato de essa pessoa ter alucinações e delírios.
“Se a doença não estiver sendo tratada, essa pessoa apresentará episódios como estes e, por não ter plena consciência do que está acontecendo, sentirá medo, descontando nas pessoas que estão próximas, ou seja, será tomada pelo sentimento de raiva, mágoa e medo”, explica.
Desilusão com a vida
É comum que os portadores de esquizofrenia sejam desiludidos com a vida, não sintam prazer e fiquem constantemente tristes. “Principalmente quando esse paciente convive com a doença há muito tempo, esse sintoma aparece bastante, pois é como se ela estivesse cansada de passar por tudo que passa”, comenta o médico.
Agitação
Como a esquizofrenia está relacionada – principalmente em casos mais avançados – a alterações sensoriais e comportamentais é comum que os portadores da doença apresentam muita agitação.
“Como citado anteriormente, essas pessoas apresentam delírios, alucinações, medo, raiva, entre outros sintomas, e isso acaba causando muita agitação”, explica o Dr. Lipman.
Confusão mental
Nos momentos de crise do esquizofrênico, a confusão mental é algo que pode acontecer com muita frequência. “Aquele paciente está sentindo um milhão de coisas desconfortáveis, ouvindo vozes, tendo sensações sem nenhuma explicação e é comum que essa confusão fique mais evidente”, comenta o psiquiatra.
Problemas com a fala
Problemas relacionados à comunicação são bem típicos do esquizofrênico, segundo o Dr. Lipman.
“Problemas com a fala são um exemplo e podem derivar de diversas causas, como o medo, a ansiedade ou realmente uma dificuldade em dialogar”, comenta ele. “Isso não significa que eles não falem, mas as frases podem ser confusas e sem coerência”, finaliza.
Redação Vida & Tal