As doenças cardiovasculares matam cerca de 1.100 brasileiros todos os dias. Uma destas enfermidades é a trombose. Não há dados específicos para o Brasil, mas de acordo com a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH), dos Estados Unidos, uma a cada quatro mortes no mundo são provocadas por trombose. E a Covid-19 tem contribuído para agravar o problema.
O chefe do serviço de Cirurgia Vascular e Endovascular do Hospital São Francisco na Providência de Deus (RJ), José Marcos Braz Serafim, explica que diversos fatores têm colaborado para o aumento dos problemas circulatórios causados pela imobilidade dos idosos dentro de casa. Além disso, há complicações provocadas pelo novo coronavírus que podem desencadear a trombose.
“O grande risco é que esses coágulos que se formam nos vasos dos membros inferiores, se soltem e se dirijam ao pulmão, causando a embolia pulmonar”, explica.
Pacientes com Covid-19, especialmente internados, têm maior risco de desenvolver a doença.
“O problema surge principalmente em pacientes graves, que estão na UTI. São pacientes que estão acamados por um longo período, o que é um dos principais fatores de risco para trombose. Além disso, ficam desidratados e podem desenvolver septicemia, que são outras condições que favorecem o aparecimento de trombose, pois causam a estase do sangue, que é a circulação mais lenta, e também alterações na coagulação”, esclarece Serafim.
Ele destaca que tem registrado o aparecimento de casos de trombose dos microvasos pulmonares, afetando a parte respiratória, além da trombose venosa profunda de membros inferiores.
“O tratamento é basicamente à base de anticoagulantes e quanto mais cedo começar, melhor é o resultado final”, garante o especialista.
Diagnóstico
O diagnóstico da trombose deve ser feito por meio de exames de imagens, como a angiotomografia ou o Eco Color Doppler.
“Pode ser necessário realizar exames mais invasivos, no centro cirúrgico ou na hemodinâmica ou outros não invasivos, como a ultrassonografia, tomografias e ressonâncias. A grande vantagem deste atendimento ser feito num grande hospital geral como o São Francisco é poder contar com toda a estrutura para o atendimento do paciente, desde ao diagnóstico ao pós-operatório, se o caso for cirúrgico”, acrescenta José Marcos.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco pra trombose são três: a estase venosa, ou seja, a circulação mais lenta do sangue, que ocorre nos pacientes acamados ou que ficam muito tempo confinados e com restrição de movimentos; as alterações de coagulação e os traumas, que provocam lesões na parte de dentro dos vasos, as chamadas lesões endoteliais.
De acordo com o cirurgião, a boa notícia é que dependendo da extensão da trombose, a recuperação pode ser completa, por meio da chamada recanalização do vaso. Em alguns casos, quando a trombose é mais extensa, e acomete desde a veia ilíaca até a veia femoral, que são os vasos maiores da perna e da pelve, essa recuperação pode não ser completa.
“Nestes casos, ocorre a síndrome pós-trombótica que provoca sintomas como a tendência a ter a perna sempre mais inchada, fazer manchas acastanhadas na pele ou fazer feridas. São as doenças ulcerosas por hipertensão venosa. Esses pacientes devem fazer o acompanhamento regular, para evitar que o problema volte e também para tratar as sequelas”, esclarece.
Para prevenir a trombose, a dica do especialista é praticar exercícios físicos regularmente, evitar a obesidade e tratar as varizes.
Redação Vida & Tal
Fonte: SB Comunicação