Você sabia que a cada 6 segundos uma pessoa morre no mundo por acidente vascular cerebral (AVC) ou, mais precisamente, acidente vascular encefálico (AVE)? E que uma em cada quatro pessoas irá sofrer um AVE ao longo da vida? Os dados são da World Stroke Organization (WSO), organização de âmbito mundial dedicada ao estudo das doenças cerebrovasculares, que alerta ainda: “tempo é cérebro”, ou seja, o tempo é vital para sua abordagem, salvando vidas e evitando sequelas.
Para conscientizar a população sobre a prevenção e tratamento de uma das principais causas de incapacidade no mundo, a WSO instituiu o dia 29 de outubro como o Dia Mundial do AVC. Também conhecida como derrame, a doença é a segunda principal causa de morte no mundo, ficando atrás apenas do infarto do miocárdio.
O acidente vascular cerebral, frequente na rotina do setor de emergência hospitalar, é uma doença que compõe o grupo de ocorrências vasculares agudas, junto com o infarto do miocárdio. “Principal gerador de morbidades, o AVC frequentemente deixa sequelas incapacitantes, se não tratado de forma ágil e num curto período de tempo. Por isso, quanto mais rápido for diagnosticado o AVC, maiores as chances de recuperação”, alerta o chefe do serviço de neurologia do Hospital São Francisco na Providência de Deus, Fernando Figueira.
Embora a doença classicamente acometa pessoas a partir dos 50 anos, a incidência em mais jovens tem crescido nas últimas décadas, segundo a World Stroke Association. Isso se deve a fatores de risco como hipertensão, diabetes, obesidade, sedentarismo, má alimentação, colesterol elevado, tabagismo e consumo excessivo de álcool.
“Algumas doenças do coração podem contribuir para elevar ainda mais este risco: batimentos cardíacos irregulares associados ou não à dilatação das câmaras cardíacas favorecem a formação de coágulos sanguíneos. Estes coágulos podem migrar até a circulação encefálica, provocando a embolia cerebral, condição que pode e deve ser prevenida através de medidas terapêuticas que partem da identificação sistemática de portadores de arritmia cardíaca”, adverte o especialista, que é membro titular da Academia Brasileira de Neurologia.
Tipos e alertas
Basicamente podemos reconhecer dois tipos de AVC: o isquêmico, quando ocorre obstrução de um vaso cerebral que impede o fluxo de sangue, é o tipo mais comum e representa 85% dos casos. E o hemorrágico, quando ocorre o rompimento de um vaso, provocando extravasamento de sangue no tecido encefálico.
“O reconhecimento dos sintomas da doença cerebrovascular é passo importante em seu manejo precoce e bem sucedido. Perda da força em um dos lados do corpo e dificuldade da fala são os sintomas mais frequentes. Ao perceber algum desses sintomas, é crucial procurar a emergência imediatamente. O tempo é fator determinante para que os profissionais de saúde possam atuar”, orienta Figueira.
A partir do exame neurológico e de exames de imagem específicos, como a tomografia computadorizada e ressonância magnética, é possível a confirmação do diagnóstico e a estratificação de risco que permitirá ao médico definir a melhor opção terapêutica em cada caso. Por isso, é imprescindível tanto a participação da população no adequado reconhecimento e na presteza da busca de atendimento quanto a serviços de Emergência bem estruturados com pessoal adequadamente treinado nesta patologia tão frequente e tão impactante para a sociedade.