A plataforma de cirurgia robótica é uma tecnologia em crescimento em todo o mundo. A alta foi de 200% nos últimos quatro anos, segundo dados reunidos em estudo do Centro Americano de Acreditação em Cirurgia Bariátrica e Metabólica e que foram apresentados durante o curso de cirurgia robótica, no XXII Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, que acontece em Salvador.
Ao todo, foram 760.076 casos de cirurgia bariátrica realizados entre 2015 e 2018. Destes, 53.200 foram feitos utilizando o robô, o que representa 7,4% do total e os demais 90,4% por via laparoscópica.
“A cirurgia robótica para a cirurgia bariátrica saltou de 5,9% para 9,9%, de 2015 a 2018, com a técnica Sleeve, a mais realizada nos Estados Unidos. Já o Bypass gástrico – que corresponde a 61% das cirurgias no país – aumentou de 7,2% , utilizando robô, para 10,2% no mesmo período”, afirmou a cirurgiã bariátrica e metabólica, Paula Volpe, que abordou o tema
Cirurgias revisionais
Outro ponto abordado foram as cirurgias revisionais – realizadas quando há necessidade de conversão de técnica, devido a possíveis alterações clínicas e anatômicas no paciente – realizadas por robótica.
De acordo com o cirurgião, Alexandre Elias, um dos pioneiros em cirurgia bariátrica robótica no país, o crescimento das cirurgias com o uso desta tecnologia, apesar de representar hoje ainda 10,2%, é uma tendência mundial.
“Com a chegada de novas plataformas e a democratização da tecnologia – que tem se espalhado pelos hospitais do Brasil e onde já se encontram mais de 30 equipamentos – a expectativa é para um crescimento ainda maior nos próximos anos”, afirmou Elias, que conta com mais de 300 cirurgias robóticas.
As cirurgias revisionais – que são uma das principais indicações desta tecnologia minimamente invasiva – aumentaram de 1,7% para 3,9%.
“Os cirurgiões entendem que para casos complexos, a robótica apresenta vantagens. Como, por exemplo, a visualização ampliada e em 3D. Já nos casos de paciente superobeso, a técnica permite realizar a cirurgia como se fosse um paciente com obesidade em nível moderado”, afirma Paula Volpe. Segundo ela, o robô ainda permite maior mobilidade e precisão dos movimentos, reduzindo possíveis riscos de trauma interno.
Números
Em todo o mundo são realizadas aproximadamente 1 milhão de cirurgias robóticas ao ano, de acordo com as representantes do setor no mercado, e a expectativa é que esse número “mais que dobre” em um período de três anos, ultrapassando a marca de 2 milhões, até 2025.
Entre os benefícios da robótica para o paciente está a possibilidade de realizar cirurgias complexas de forma minimamente invasiva, proporcionando ao menor dor pós-operatória, redução no risco de infecção e complicações, bem como o retorno precoce às atividades cotidianas.
O Dr. Alexander Morrel (SP) concorda e ressalta a evolução dos equipamentos, maior autonomia e ergonomia para o cirurgião nesta técnica. “Principalmente em cirurgias mais longas e complexas. Além disso, as novas pinças e equipamentos permitem maior autonomia. Para que se tenha ideia, recentemente foi lançada a pinça capaz de grampear diretamente, sem precisar acionar o cirurgião auxiliar”, mencionou.
Outros dados
Representantes da indústria apontam que 8,5 milhões de pacientes já foram operados com o auxílio do robô no mundo, sendo 100 mil apenas no Brasil.
Apesar da recente expansão desta tecnologia, de acordo com o cirurgião José Rubens Arnoni Junior (SP), ela está presente na medicina há mais de duas décadas.
“O sistema de cirurgia por robô já é utilizado há 25 anos nos centros cirúrgicos, com 4 gerações desta tecnologia”, afirmou Arnoni.
Já o cirurgião Raul Andrade Mendonça Filho (SE), contou que atualmente 29,1% das cirurgias do aparelho digestivo no mundo são feitas com o auxílio do robô.
A cirurgia bariátrica
As doenças relacionadas à obesidade são responsáveis por mais de 4,7 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano, metade das quais ocorrem entre pessoas com menos de 70 anos de idade.
Nos últimos cinco anos foram realizadas 311.850 mil cirurgias bariátricas pelos planos de saúde e pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Destas 252.929 cirurgias, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), foram realizadas através dos planos e 14.850 foram feitas de forma particular.
Deste total, 44.093 procedimentos foram realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde), sendo apenas 115 procedimentos realizados na Bahia neste mesmo período, conforme dados do DATASUS.
Redação Vida & Tal
Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).