Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, traz uma luz sobre o futuro do câncer de mama. A pesquisa identificou o potencial antitumoral de moléculas por meio da terapia epigenética, que está ligada aos mecanismos bioquímicos que regulam a expressão dos genes, sem alterações na sequência do DNA.
Ainda em fase experimental, os resultados foram obtidos em testes com cultura de células de câncer de mama. Porém, de acordo com o professor Heidge Fukumasu, orientador do estudo, os experimentos abrem espaço para o desenvolvimento de várias terapias no tratamento de tumores em animais e também em humanos.
O trabalho é considerado inovador por implementar técnicas pouco utilizadas na veterinária oncológica. Responsável pela pesquisa, o biólogo Pedro Luiz Porfirio Xavier diz que a terapia epigenética já está bem descrita na medicina humana, mas pouco na veterinária, e que se trata de uma alternativa para “consertar a expressão alterada de alguns genes associados às características do câncer, como a malignidade”.
Numa primeira parte, os estudos de Xavier se concentraram na epigenética do câncer em cães, comparando com os achados já descritos na literatura sobre a epigenética de tumores em humanos. Os resultados, segundo os pesquisadores, mostram que a oncologia veterinária tem muito a se beneficiar dos conhecimentos epigenéticos dos humanos e que as similaridades “destacam os cães como excelente modelo para estudar oncologia humana”, assegura Xavier, informando ser este um tema que chamam de oncologia comparada.
O câncer de mama é mais comum em cães e gatos que em humanos. De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, o tumor atinge 45% das fêmeas caninas e 30% das felinas. Das mulheres diagnosticadas com câncer no Brasil em 2020, 29% tinham tumor de mama, segundo o Instituto Nacional do Câncer. A rotina de trabalhos do Laboratório de Oncologia Comparada e Translacional (LOCT) envolve pesquisas sobre câncer de mama, linfomas e sarcoides em cães, gatos e até cavalos.
Redação Vida & Tal
Fonte: Jornal da USP