40 anos após a descoberta do HIV, eis que surge uma luz no fim do túnel. Uma linha de pesquisa promissora avança na criação de vacinas contra o vírus. O estudo conduzido na Europa, África e América, incluindo o Brasil, conta com a participação de mais de 6 mil pessoas para os testes.
Para Ricardo Vasconcellos, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP, pesquisador e coordenador da fase três do estudo no Hospital das Clínicas da FMUSP, “a gente nunca esteve tão próximo de uma vacina de prevenção ao HIV realmente interessante para aplicação em larga escala”.
De acordo com o pesquisador durante entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a agilidade na criação de vacinas contra a Covid-19 faz com que as pessoas cobrem a mesma celeridade para a vacina contra o HIV, mas ele ressalta que são processos com complexidades diferentes. A primeira etapa da pesquisa foi uma fase pré-clínica, testada em animais.
Segundo Vasconcellos, a vacina foi inicialmente testada em macacos e induziu uma boa resposta imune. As infecções nos animais vacinados foram reduzidas em 67% se comparadas aos que não receberam o imunizante. “Isso, na fase pré-clínica, é algo inédito. Mas a gente precisa segurar a nossa ansiedade, declara”.
Para verificar o desempenho, em seres humanos, foi iniciada a fase clínica. As primeiras etapas analisam a segurança e a gravidade dos efeitos colaterais. Em seguida, confirmada a segurança, a fase três é realizada para avaliar a eficácia da vacina.
O teste com os voluntários é randomizado por computador, de modo que os participantes e os pesquisadores não saibam quem recebeu o imunizante e quem recebeu placebo. Então, essas pessoas são acompanhadas para verificar se houve diferença nos casos.
“O que a gente acredita que vai acontecer é que entre aqueles vacinados acontecerão menos infecções do que nos que receberam placebo”.
Existem dois grandes estudos que testam a mesma tecnologia de vacina. O Mosaico é feito na Europa e na América com homens gays e pessoas trans. Já o Imbokodo é realizado na África com mulheres cisgênero heterossexuais.
Ao todo, são mais de 700 voluntários no Brasil. “Aqui no centro da USP a gente pretende incluir 100 participantes”, comenta o professor. No momento, os perfis procurados pelos pesquisadores são os de pessoas jovens e pessoas trans. Os interessados em participar da pesquisa podem preencher um formulário através do perfil @pec.hcfmusp, no Instagram.
Redação Vida & Tal
Fonte: Jornal da USP