A ansiedade é um sintoma recorrente da faixa etária adulta. Especialmente após o período pandêmico, essa condição se tornou ainda mais reconhecida e discutida entre estudiosos, médicos, cientistas e outros profissionais. Entretanto, ainda que não seja um assunto abordado com a frequência desejada, a ansiedade pode se manifestar em um grupo ainda mais específico: as crianças.
Segundo um estudo da Pesquisa Nacional de Saúde Infantil dos Estados Unidos, a quantidade de crianças diagnosticadas com ansiedade cresceu quase 30% nos últimos cinco anos. A pesquisa, realizada entre cerca de 174 mil crianças, também apontou que o número de manifestações depressivas aumentou 27% e, somente na pandemia, houve o crescimento de 21% no número de crianças reconhecidas por “má-conduta”. Os motivos que levaram a estas mudanças consideráveis são muitos, mas as causas principais podem ser definidas e sinalizadas aos pais, a fim de evitar instabilidades na saúde mental desse público.
Patrícia Candeia é psicóloga clínica e escolar há 12 anos e, desde 2020, uma das diversas profissionais associadas à Baby Concierge, plataforma do nicho materno-infantil que oferece conteúdos e serviços exclusivos e com descontos para os seus assinantes. Segundo a especialista, os primeiros sintomas observáveis da ansiedade infantil são “a fala e o pensamento acelerado, mutismo seletivo, sudorese, tremores, choro sem razão aparente, irritabilidade e comportamento controlador”. Já as causas prováveis para estes sintomas, de acordo com a psicóloga, podem variar entre cobranças externas, autocrítica, comparação e até o excesso de jogos digitais.
Além dos primeiros sinais, uma dúvida que gera discussões entre os pais é, afinal, quando essas ocorrências podem começar. E, por incrível que pareça, a especialista reforça que os primeiros sintomas surgem ainda nos primeiros anos de vida, afirmando também que essa desinformação pode ser resultado de um receio dos pais relacionado ao uso de remédios:
“Os sintomas costumam surgir nos primeiros anos de idade. Dessa forma, acredito que a resistência dos pais em abordar a temática das emoções é o medo de que qualquer manifestação desregulada vire um transtorno que deve, necessariamente, ser tratado de maneira medicamentosa.”
Por mais que a ansiedade seja citada como uma condição exclusivamente negativa, Patrícia ainda conta que esta não é a única forma de enxergar a disfunção.
“A ansiedade, assim como qualquer outra emoção, não pode ser entendida como algo absolutamente ruim. Ela é inerente ao ser humano e nos ensina muito sobre como lidamos com a vida. Entretanto, o que precisamos nos atentar é a desregulação de uma emoção. A ansiedade de forma exacerbada precisa de cuidado”.
Considerando os sintomas prejudiciais decorrentes da ansiedade, é preciso definir então, formas prudentes de tratá-los. Neste sentido, a doutora estabelece o trabalho dos pais como principal auxiliar no combate a estes sinais.
“É importante que haja mudança nas relações parentais. Com a ajuda dos responsáveis para identificar os gatilhos, é possível evitá-los e assim, reduzi-los. Em muitos casos, após o diagnóstico definitivo de transtorno de ansiedade pelo Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM), é recomendável também o início da psicoterapia, aliada com orientações oferecidas aos pais”, finaliza.
Redação Vida & Tal