Lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT) e distúrbios relacionados ao trabalho aumentam 40% durante a pandemia. Mobiliário inadequado, posturas incorretas, execução de movimentos repetitivos em ritmo acelerado, uso exagerado de força na hora de cumprir tarefas. Essas são apenas alguns dos principais motivos que têm levado cada vez mais pacientes aos consultórios médicos com queixas de dores em diferentes partes do corpo.
“Neste período da pandemia, houve um aumento da ordem de 40% de procura de pacientes com queixas de lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT) no meu consultório”, conta Larissa Oliveira, reumatologista do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), no bairro da Tijuca (RJ). O assunto vem à tona, já que 28 de fevereiro é o Dia Mundial de Combate a LER / DORT.
A especialista ressalta que as lesões e os distúrbios têm como fator de risco sobrecargas nas atividades laborais. “Na pandemia, muitas pessoas tiveram que trabalhar de casa, sem a mobília adequada e, com a exigência de produtividade, passaram a se manter na mesma postura por longos períodos, sem fazer pausas. Muita gente deixou de fazer os exames periódicos na pandemia, o que também pode ter contribuído para o aumento do número de casos”, acrescenta.
“LER e DORT compreendem lesões musculoesqueléticas diversas e se manifestam no segmento do corpo mais exposto à sobrecarga durante as tarefas do trabalho”, adverte a médica. O problema costuma se manifestar com maior frequência nas regiões cervical e lombar, nos ombros, cotovelos, mãos e punhos. Os diagnósticos mais recorrentes são: dor muscular, dor cervical e lombar, tendinite de mãos, dedo em gatilho, síndrome do manguito rotador, bursite de ombros, epicondilite nos cotovelos e compressões de nervos periféricos, como a síndrome do túnel do carpo.
A especialista explica que o DORT é categorizado em quatro estágios: 1 (leve desconforto), 2 (sintomas como formigamentos, dormências, calor local e dor leve à palpação, com quadro tolerável) e 3 (queixas mais duradouras, intensas ou que só aliviam com o repouso). “A dor incapacitante, que limita atividades diárias, indica que ele chegou ao estágio 4”, esclarece ela. Como em qualquer doença, a orientação é procurar o médico para diagnosticar o problema e iniciar a terapia o mais rápido possível, de forma a evitar a evolução do quadro para os estágios mais avançados.
De acordo com a especialista, questões individuais, como lesões prévias no sistema articular e muscular, sedentarismo, distúrbios psicológicos e insatisfação com o trabalho podem contribuir para a exacerbação da dor. Mas nem toda queixa de dor é LER ou DORT. Outras condições devem igualmente ser consideradas, como fibromialgia, síndrome miofascial, distúrbios reumatológicos, infecciosos, hormonais, metabólicos e neurológicos.
A boa notícia é que a maioria dos casos de LER / DORT têm evolução favorável para cura. Mas para isso é preciso uma terapia multidisciplinar que englobe não apenas os cuidados no ambiente de trabalho. “O tratamento pode consistir em medicamentos para controle da dor, infiltrações intra ou periarticulares, órteses para imobilização temporária e para proteção da articulação. A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação do paciente. Alguns casos demandam afastamento temporário do trabalho. Uma minoria dos pacientes, que representam casos mais graves e que mantêm sintomas mesmo com tratamento clínico, pode precisar de procedimentos cirúrgicos”, afirma a médica.
Acompanhe as dicas para evitar o problema:
– Faça uma análise crítica do seu ambiente de trabalho, identificando possíveis riscos que possam desencadear alguma lesão.
– Evite fazer força em excesso;
– Evite movimentos repetitivos. Busque alternar os movimentos ao desenvolver a mesma tarefa;
– Fuja das jornadas longas de trabalho! Faça pausas de 10 minutos a cada hora de trabalho;
– Mantenha a postura adequada ao se sentar (ângulo de 90º entre o tronco e as pernas);
– Ao se sentar, os pés devem estar em contato com o solo;
– Opte por cadeiras com encosto e apoio de braços;
– Se você trabalha com computador, a distância ideal entre você e a tela é de 60cm e a altura do chão ao computador deve ser de 110cm;
– Procure fazer exercícios laborais.
Redação Vida & Tal
Fonte: SB Comunicação.