A sensação de insegurança no trabalho vem afetando a saúde mental dos colaboradores da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) à medida que as demissões proliferam e os salários deles não estão acompanhando o ritmo da inflação. Segundo pesquisa realizada pela companhia de seguros e planos de saúde Cigna International Health, a tensão global envolve empregados de todas as idades, mas, integrantes da Geração Z são os mais afetados pela situação.
A análise foi feita com uma base de 12 mil profissionais em todo o mundo. Dos jovens analisados na pesquisa (de 18 a 22 anos), 91% relatam estar estressados – em comparação com 84% das outras faixas etárias. Os especialistas, Tábata Silva, gerente do Empregos.com.br, e Alex Araujo, empresário e CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional, explicam que a razão principal para essa discrepância, é que a entrada desse grupo na vida corporativa ocorreu exatamente no decorrer da pandemia, período em que as relações profissionais tiveram mudanças radicais.
“O home office e o trabalho híbrido trouxeram uma nova onda de ansiedade para os funcionários” explica Tábata. “Ficou difícil para as pessoas separarem os problemas pessoais dos profissionais, já que agora eles ocupam o mesmo espaço”, complementa.
Para Alex Araujo, o emocional e as mudanças comportamentais dos jovens trabalhadores devem ser acompanhados com cautela. Em muitos dos casos, colaboradores de 15 a 29 anos, estão terminando o ensino médio ou, em casos mais avançados, a graduação e pós-graduação. Tendo que equilibrar a rotina estudantil em conjunto com o trabalho.
“É uma situação radical, que requer responsabilidade e organização por parte do colaborador. Sem muitas referências e com a alta carga de obrigações, doenças ocupacionais, como o esgotamento mental e a ansiedade, podem vir à tona”, reforça Araujo.
“É necessário que as companhias se atentem à saúde e ao bem-estar dos colaboradores, por meio de ações efetivas, como palestras de prevenção, acompanhamento médico e disponibilização de benefícios, para evitar o aumento no número de afastamentos e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida dos colaboradores”.
Segundo dados divulgados pelo Empregos.com.br, um quarto das empresas afastaram de um a cinco funcionários por adoecimento mental nos últimos 12 meses. A ansiedade é apontada como o fator que mais impacta a força de trabalho (41%), seguida pelo estresse (31,9%), depressão ou síndrome do pânico (26,7%) e burnout (9,2%).
Tábata também observa que, embora a saúde dos colaboradores seja uma preocupação crescente nas organizações, ainda são poucas as que tomam alguma medida efetiva.
“A gestão da empresa tem um efeito fundamental sobre a saúde mental dos funcionários. Para criar um ambiente de trabalho saudável, não basta disponibilizar um plano de saúde, é importante manter canais de comunicação para identificar e acompanhar os possíveis problemas psicológicos na equipe”, diz.
Redação Vida & Tal