Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que cerca de 47% dos brasileiros são sedentários, levando o Brasil ao número um entre os países da América Latina, além de ocupar a quinta posição no ranking mundial. Entre a população 60+, o número é ainda mais alarmante. Segundo pesquisa Diagnóstico Nacional do Esporte, a taxa de sedentarismo entre idosos acomete 64,4% da população.
Carente de atividades físicas, especialmente as gratuitas, com a necessidade do isolamento social e a limitação do ir e vir, a movimentação física dos idosos ficou ainda mais limitada. Uma alternativa para os brasileiros nesta faixa etária é o projeto Viver Melhor, que já atua na grande São Paulo e em Mogi Mirim e, desde março de 2020, ampliou o programa para adultos e idosos de todo o Brasil com aulas online e 100% gratuitas, permitindo que todos tenham acesso à atividade física apropriada para o público se exercitar de forma segura e correta em casa.
“Adequamos nossos atendimentos presenciais para aulas virtuais. Antes da pandemia, muitos dos atendidos pelo projeto já tinham no Instituto Família Barrichello o único ponto de acolhimento, e sabíamos que a referência de confiança para eles eram os nossos professores. Agora, duas vezes por semana, alunos de Norte a Sul do país podem treinar com nossa equipe”.
Permitido a pessoas a partir dos 18 anos, mas com enfoque na população idosa, o Viver Melhor aplica o Método Águia, que aplica exercícios físicos e cognitivos para promover o envelhecimento saudável e mais independente.
“Fornecemos duas aulas por semana que incluem exercícios neuromotores para o estímulo do cérebro, exercícios de força, cardiorrespiratórios e de alongamento. Exercitando sistemas orgânicos de forma específica, periodizada e sistemática, obtemos melhores resultados”, explica Cristiane Peixoto, coordenadora técnica do projeto no Instituto Família Barrichello.
O envelhecimento costuma trazer, ao longo dos anos, a redução da mobilidade e a fragilidade do corpo, especialmente a dos ossos, pois há uma perda de musculatura especialmente após os 40 anos de idade.
“Enxergamos a prática da atividade física essencial para a qualidade de vida e a longevidade. Por isso, centramos um dos nossos trabalhos no Instituto para o atendimento aos idosos, dando a eles a oportunidade de se exercitarem com o cuidado e frequência adequada”, comenta Dayane Alves gerente do projeto e especialista em envelhecimento.
Como o projeto atua na vida dos idosos
Acostumada às aulas presenciais, Nilza da Silva de 66 anos ficou preocupada quando percebeu que não poderia mais sair de casa para se exercitar e encontrar os colegas do grupo do Viver Melhor.
“Me senti amedrontada. Temia pegar o vírus, mas também me preocupava deixar de participar das minhas aulas no projeto que me fazem tão bem, porque deixaria de ter o contato com meus colegas e me exercitar”.
A prática frequente de atividade física auxilia no controle direto dos níveis de triglicérides, o colesterol ruim, ajuda no controle do peso corporal e regula a pressão arterial.
“Os benefícios são inúmeros, há uma dilatação dos vasos sanguíneos durante a prática dos exercícios, o que melhora a circulação sanguínea e aumenta a irrigação para os músculos, órgãos e com isso o corpo inteiro se beneficia. Além disso, a prática libera a endorfina, hormônio responsável pela sensação de prazer, diminuindo os níveis de estresse e depressão”, alerta Dayane Alves.
“Quando o telefone da minha casa tocou e o pessoal do Instituto avisou que as aulas voltariam, fiquei feliz. Só precisei da ajuda dos meus filhos e netos para conseguir me conectar e acompanhar as aulas. Não perco uma”, conta a aposentado Nilza, que faz parte do grupo virtual com mais alunos e se mantém ativa semanalmente, o que segundo os médicos, foi essencial para a recuperação dela após intubação pela Covid-19.
“Fiquei quase duas semanas internada, tive sequelas e logo voltei ao normal, porque praticava atividade física e tinha uma vida longe do sedentarismo. Foi o que me salvou”.
Praticante assídua seis meses antes da pandemia ser decretada, Cenira Coradi, 54 anos, ficou preocupada quando soube que teria que deixar as aulas para cumprir o distanciamento social exigido para evitar a propagação do coronavírus.
“A primeira coisa que piorou foi a minha lombar, logo depois a dor foi tomando conta de toda a coluna e dos meus joelhos”, comenta. Cenira sofre de osteopenia, ou seja, doença que acomete os ossos deixando-os mais fracos e porosos. A prática regular de atividade física e exercícios que promovem a construção da musculatura, auxiliam no tratamento diminuído a dor e prevenindo lesões como fraturas.
“Desde que o Viver Melhor começou a dar aulas online, fui retomando as atividades e minhas dores foram diminuindo novamente”, revela Cenira. O projeto Viver Melhor trabalha com níveis e pode ser praticado por todas as pessoas que não têm restrição médica à prática de atividades físicas. A evolução dos alunos é acompanhada de perto pelos profissionais.
Para se inscrever no programa, é preciso entrar em contato por telefone ou pelo site do Instituto Família Barrichello e preencher todos os dados.
Viver Melhor
O Projeto Viver Melhor começou em 2012 e já atendeu mais de 4 mil idosos a partir dos 60 anos, atualmente em 14 núcleos em São Paulo, de forma virtual. A iniciativa, mantida por meio de leis de incentivo, leva saúde e qualidade de vida para pessoas em situação de vulnerabilidade social, em bairros onde há carência de atendimento ao idoso.
As aulas duram cerca de 1 hora e são oferecidas duas vezes por semana em locais cedidos por instituições sociais, igrejas, shoppings e Unidade Básica de Saúde, além de aulas online. Divididas em quatro partes e conduzidas por dois professores de educação física, as aulas, trabalham o desenvolvimento integral da pessoa: força muscular, equilíbrio, flexibilidade, agilidade, memória e alívio do estresse. Condições importantes para a independência física e uma velhice saudável.
Redação Vida & Tal
Fonte: Instituto Família Barrichello