A prática do jejum intermitente durante o treino para ganho de massa muscular parece ir contra o senso comum que defende a ingestão de carboidratos antes do treino para o aumento de energia e um melhor desempenho. Segundo boatos vindos de bastidores, o ator Hugh Jackman, que deu vida ao emblemático personagem Wolverine, praticou jejum intermitente durante os treinos para ganhar massa muscular. Verdade ou mentira? Isso é possível ou é mais um mito do “mundo fitness”? Também posso fazer?
“Primeiro é necessário saber se você, o seu corpo, está preparado para essa prática. Eu faço e recomendo, mas o ideal é que haja um preparo antes”, afirma a médica endocrinologista e ortomolecular Bruna Marisa, também especialista em medicina esportiva e emagrecimento.
Jejum intermitente ou carga de carboidrato?
De acordo com a médica, para a prática do treino com jejum o ideal é primeiro livrar-se do vício do carboidrato, aprender a respeitar a fome, comer apenas quando tiver vontade, e não fazer picos de glicose e insulina.
“A low carb é uma preparação para esse tipo de prática. A gente começa com low carb, depois evolui diminuindo a fome e a partir dai já podemos ir para o jejum intermitente, ou seja, o ideal é tentar buscar uma evolução natural”, explica.
É preciso também levar em conta que um estômago vazio provoca uma série de mudanças hormonais por todo o corpo. Essas mudanças são fundamentais para a construção de massa muscular e para a queima de gordura. Entenda a relação do jejum com os principais hormônios envolvidos no processo:
Testosterona
Sabe-se que o jejum apenas poderá não ter qualquer influência sobre a testosterona, mas alguns estudos indicam que o exercício físico com a prática do jejum, age positivamente na produção deste hormônio. A testosterona também acaba agindo diretamente na libido e ajuda no combate a depressão e nos problemas cardíacos, além de auxiliar no aumento da massa muscular.
Hormônio do crescimento (gh)
Estudos recentes comprovaram que, após 24 horas em jejum, o organismo aumenta a produção de GH, em 2.000% para homens e 1.300% para mulheres. Quando o jejum termina, o efeito também é interrompido. Isso mostra que o jejum regular ajuda a manter os hormônios musculares em seus níveis mais elevados.
Insulina
Quando comemos em excesso podemos nos tornar mais resistentes aos efeitos da insulina, o que pode causar um quadro de síndrome metabólica, ligada ao acúmulo de gordura e ao desenvolvimento de doenças cardíacas e de câncer. Com o jejum eventual, o organismo perde o hábito de ter grandes quantidades de insulina na corrente sanguínea, voltando à sensibilidade natural ao hormônio.
Tipos de treino
Segundo Marisa, é possível alcançar muitos benefícios, em diferentes modalidades esportistas, por meio das atividades físicas e jejum.
“Por exemplo, se combinarmos exercícios curtos e de alta intensidade com jejum, obteremos ótimos resultados na perda de gordura. Há estudos que indicam o aumento das enzimas oxidantes de gordura como uma das causas. Estudos também tem demonstrado que exercícios durante o jejum podem melhorar muito o nível de VO2 Max, que vai medir a capacidade de uma pessoa para absorver e utilizar oxigênio na prática do exercício. Quanto maior este índice, maior é a capacidade que o corpo tem de queimar gordura para usar sua energia”, explica.
Ainda de acordo com a médica, as mudanças produzidas através do treinamento em jejum ajudam a garantir que as proteínas, gorduras e os carboidratos vão para os lugares certos no corpo, sendo armazenados em quantidades muito pequenas como gordura corporal. No entanto, Bruna Marisa alerta para os cuidados ao iniciar a prática.
“A desvantagem é que muita gente passa mal, pode ter tonteira e até mesmo enjoo, quando tenta fazer qualquer atividade física com o jejum logo de início, pois o corpo não está acostumado. A dica para se beneficiar da prática do jejum intermitente é começar a espaçar os horários entre o café da manhã e o almoço, até que consiga ficar a manhã inteira sem comer nada e fazer do almoço sua primeira refeição do dia, finaliza”, a médica especialista em emagrecimento, que também ressalta para a importância em buscar o acompanhamento de um médico endocrinologista e um nutricionista.
Bruna Marisa é médica especialista em Endocrinologia, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), pós-graduada em Medicina Ortomolecular, especialista em Emagrecimento e Low Carb, com vários cursos na área de Medicina Esportiva. Autora do e-book: Guia de Emagrecimento Definitivo e Duradouro.
Instagram: @drabrunamarisa
Redação Vida & Tal
Fonte: MMelo Assesssoria