A tatuagem que a lateral da seleção feminina de futebol Juci – exibe no corpo, revela momentos e caminhos não muito agradáveis por qual passou a atleta. Apesar da derrota para o Canadá nos pênaltis nesta sexta-feira (30) e o adeus à disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Jucinara é uma vitoriosa na vida. A mesma titular da partida que decretou a classificação do Brasil para as quartas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio, quase abandonou os gramados em 2015, por conta de uma trombose que evoluiu para uma embolia pulmonar.
“Eu tenho uma história por trás de tudo isso. Além do sonho de criança de competir com a Seleção, em 2015, pouco antes da Rio 2016, eu tive uma trombose e uma embolia pulmonar. Passei oito meses praticamente na cama, sem poder caminhar muito. Tivemos que esperar muito tempo para saber se eu poderia voltar a jogar futebol ou não. No final do ano, me perguntaram: ‘onde você se vê daqui a cinco anos?’. Respondi: na Olimpíada de Tóquio”, lembrou Juci.
A jogadora afirma que “além da realização de um sonho, é a realização de algo que superei com o futebol. Não tenho palavras para explicar meu sentimento em relação ao que vivi lá atrás e a poder realizar aquilo que eu disse naquela época”, emocionou-se.
A condição que Jucinara venceu para seguir a carreira é grave e pode até provocar o infarto do pulmão. A trombose ocorre quando um ou mais coágulos se formam em veias grandes das pernas e das coxas, bloqueando o fluxo sanguíneo e causando inchaço e dor na região. Caso esse coágulo se desprenda e atinja a corrente sanguínea, ele pode se alojar na artéria pulmonar, bloqueando a passagem do sangue e causando a morte do tecido.
Foram três meses sem andar e oito em recuperação gradual. À época, a gaúcha de Porto Alegre (RS) tinha 21 anos, estava no início da carreira profissional e na véspera de uma Olimpíada a ser disputada em seu país. Mesmo se o corpo aguentasse, seria compreensível se o golpe psicológico fosse forte demais.
Mesmo assim, a lateral não desistiu e trabalhou muito para voltar a jogar em alto nível. Foi campeã da Copa do Brasil com o Corinthians em 2016 e, em 2017, transferiu-se para a Espanha, onde defendeu Atlético de Madrid, Valencia e Levante UD, seu clube atual. Também neste ano, veio o primeiro chamado para integrar um grupo cuja alcunha lhe cai muito bem: Guerreiras do Brasil.
“Eu levo uma tatuagem com a palavra ‘inefável’, que é algo que não sabemos explicar. Estar aqui é um sentimento de felicidade, de emoção. Eu me sinto realizada. A Olimpíada reúne os melhores de todos os esportes, e poder estar nos Jogos Olímpicos, entre eles, é um sentimento bem difícil de expressar. É uma realização mas, ao mesmo tempo, poxa, estou aqui com Marta e Formiga! Poder dizer que estou entre os melhores é inexplicável”, celebrou.
De acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a equipe agora volta suas atenções para o próximo ciclo, que inclui as disputas da Copa América e da Copa do Mundo FIFA.
Redação Vida & Tal
Fonte: Confederação Brasileira de Futebol (CBF)