Um levantamento feito por meio da plataforma de monitoramento Info Tracker, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), revelou que, atualmente, as mortes por Covid-19 no Brasil envolvem majoritariamente pessoas não vacinadas. De acordo com o estudo, 9.878 pessoas que morreram devido à infecção por SARS-CoV-2, entre fevereiro e julho, haviam tomado as duas doses ou a dose única das vacinas em uso no Brasil.
A pesquisa foi feita com base em números do Ministério da Saúde a partir de 28 de fevereiro, quando as primeiras pessoas completaram o esquema vacinal após receber a segunda dose, até 27 de julho. O indicador corresponde a 3,68% do total de mortes por Covid-19 no mesmo período. Os dados confirmam que a vacinação contra a Covid-19, seja qual for o imunizante disponível, contribui radicalmente para reduzir o número de casos graves, internações e mortes causadas pela doença, mas não protegem contra infecção e não impedem que o vírus seja transmitido.
Vacinados x Covid
O fato é que enquanto o SARS-CoV-2 continuar circulando livremente, pessoas continuarão adoecendo e mesmo estando vacinadas, não irão resistir à infecção, a exemplo do ator global Tarcísio Meira, que faleceu na manhã desta quinta-feira (12), em decorrência da Covid-19. Vale ressaltar que o ator deu entrada no Albert Einstein (São Paulo), junto com a esposa e atriz Glória Menezes, no dia 6 de agosto, ambos vacinados e infectados pelo coronavírus. O ator chegou a ser intubado e submetido a hemodiálise contínua, já a atriz segue com quadro estável e sintomas leve da doença.
“A grande preocupação no momento é atingir o máximo possível de imunização da população e com a maior velocidade possível. Esse é o objetivo atual. Com isso, você garante frear a pandemia”, explica a diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski.
O estudo de eficiência Projeto S, por meio do qual o Butantan vacinou a população adulta da cidade de Serrana, no interior paulista, constatou que a imunização causou uma redução de 80% no número de casos sintomáticos de Covid-19, de 86% nas internações e de 95% nos óbitos. A pesquisa clínica também mostrou que a vacinação da população leva à imunização inclusive de quem não tomou a vacina, pois a pandemia foi controlada com 75% da população imunizada. Em relação ao país inteiro, no entanto, estamos muito longe de alcançar esses índices: apenas 30% da população adulta já está completamente vacinada.
“Nós ainda estamos no meio de uma pandemia. É mais do que claro que quanto mais gente vacinada, maior a barreira para o vírus. Tem gente que responde mais, tem que gente que responde menos a qualquer vacina. O único jeito de frear o vírus é vacinar muita gente”, salienta Ana Marisa. “O vírus pode ser esperto, pode burlar o organismo, pode causar vários problemas”, completa a pesquisadora.
Todas as vacinas contra a Covid-19 atualmente em aplicação no país tiveram sua eficácia confirmada em ensaios clínicos. A eficácia da CoronaVac, vacina do Butantan e da biofarmacêutica chinesa Sinovac, foi comprovada no Brasil por meio de um estudo com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde, população altamente exposta à Covid-19.
Os resultados finais demonstraram que a eficácia geral da CoronaVac pode chegar a 62,3% quando o intervalo entre a primeira e a segunda dose é de 21 a 28 dias. Ao longo dos seis meses de estudo (de julho a dezembro de 2020), nenhum dos voluntários faleceu de Covid-19. Os dados foram divulgados na plataforma de preprints SSRN e estão em processo de revisão por pares.
Redação Vida & tal
Fonte: Instituto Butantan