Um projeto de pesquisa da Universidade Federal do Piauí (UFPI) está avaliando os benefícios nutricionais de frutas e hortaliças orgânicas na alimentação humana. Tendo à frente a pesquisadora Regilda Moreira-Araújo, do Departamento de Nutrição/CCS, o estudo busca avaliar em que percentual os compostos antioxidantes aparecem em alimentos orgânicos em comparação com aqueles cultivados tradicionalmente. A pesquisa também irá investigar o quanto desses nutrientes são de fato absorvidos pelo organismo.
A primeira fase da pesquisa foi a validação dos compostos no laboratório, seguida pela simulação da digestão in vitro, por meio das enzimas, desde a fase inicial na boca até a fase intestinal.
“Através de uma simulação in vitro simulamos as etapas da digestão no laboratório para podermos observar como ocorre a absorção desses compostos no organismo. “Vamos verificar a bioacessibilidade dos compostos antes e após cada etapa da digestão, e assim podermos obter o que está acessível para absorção pelo organismo”, explicou a professora Regilda.
O estudo, iniciado em 2020, resultou em artigos científicos que trazem resultados para a pesquisa realizados com café, folha de hortelã-pimenta e alface-crespa.
Segundo os artigos, os alimentos produzidos orgânicos apresentam vantagens de nutrientes como fenólicos totais, flavonoides e potencial antioxidante.
Até o momento, os artigos mostraram que o café torrado e moído orgânico apresentou valores relevantes de fenólicos totais, flavonoides e antocianinas, indicativo de maior potencial antioxidante, quando equiparado ao sistema convencional, que se apresentou superior apenas no teor de taninos.
Resultados parecidos foram encontrados na análise feita nas folhas da hortelã-pimenta, um alto teor de fenólicos totais, flavonoides totais e vitamina C. O resultado mostrou que a capacidade antioxidante desses compostos, o uso de folhas de hortelã-pimenta como temperos e especiarias, além de contribuir com aspectos sensoriais, pode ajudar na prevenção de doenças crônicas.
Nas alfaces crespas, o cultivo orgânico demonstrou um maior teor de proteínas, de fenólicos totais e maior atividade antioxidante em comparação com o cultivo convencional, que apresentou um maior teor de lipídios.
Bons resultados do estudo também são encontrados nas análises com cajuí, murici, oiti, carnaúba, banana, maçã, mamão, repolho roxo, alface, alecrim, manjericão, inclusive em plantas de outras regiões.
Resultados recentes comprovam que mesmo após as quatro etapas da digestão realizadas no laboratório, os compostos se mantiveram em um percentual elevado no organismo.
A pesquisadora explica que, por causa da alta exposição ao sol, os alimentos orgânicos produzidos no nordeste podem ter vantagem por dispor de solo rico em nutrientes, por exemplo, os compostos carotenóides, que dão cor alaranjada aos frutos.
A pesquisa pretende contribuir ainda para expandir o consumo desses nutrientes além da região em que são encontrados, para ajudar na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares entre outras. Uma das opções é a produção de biscoitos com esses nutrientes. “Além do benefício econômico, a incorporação dessas fibras na produção de alimentos pode oferecer opções para o consumo de forma variável atrativa e benéfica à saúde.” destaca a pesquisadora Regilda.
Redação Vida & Tal
Fonte: Universidade Federal do Piauí (UFPI).