Será que você tem feito tudo o que está ao seu alcance para cuidar bem da saúde cardíaca? Sabe como anda a sua pressão arterial? De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares têm sido a principal causa de morte no Brasil nos últimos 20 anos. São vários os fatores que podem contribuir para estas patologias, como predisposição genética, obesidade, tabagismo, sedentarismo, hipertensão e colesterol alto.
O cardiologista do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ), José Perrota Filho, destaca que alguns destes fatores de risco podem ser modificados. “Não podemos alterar características como idade, gênero e o histórico familiar. Mas temos questões que podem ser evitadas e são, muitas vezes, negligenciadas, como hipertensão, diabetes ou intolerância à glicose, aumento da cintura abdominal e o tabagismo”, explica o médico. Vamos conhecer melhor alguns destes fatores que podem ser evitados ou controlados.
Pressão arterial
A hipertensão arterial sistêmica pode causar danos ao coração, AVC e infarto, além de outros eventos cardiovasculares. “O ideal é que a pressão esteja abaixo de 13 x 8 na maioria das populações. Em idosos, podemos tolerar até 14 x 8. Mas a pressão deve estar controlada a maior parte do tempo. Como é uma doença geralmente silenciosa, é essencial que o paciente tenha acompanhamento clínico assíduo para saber se os níveis tensionais estão controlados”, afirma.
Mas de que forma a pressão alta afeta o organismo? “Quando a pessoa tem pressão alta durante muito tempo, ocorrem lesões. Por meio do eletrocardiograma, do exame físico e, se necessário, do ecocardiograma, podemos analisar se existem as chamadas lesões de órgão alvo, como o espessamento ou hipertrofia do músculo cardíaco, ectasia ou dilatação de aorta, alterações do átrio, entre outras”, enumera Perrota.
Para manter os níveis da pressão arterial controlados, as recomendações são ter um estilo de vida saudável: evitar o sedentarismo e o estresse, manter alimentação balanceada, sem excesso de sal, controlar o peso corporal e não fumar.
“Também é importante corrigir outros distúrbios que podem levar à hipertensão, como, por exemplo, os distúrbios endocrinológicos. Trata-se de uma condição chamada de secundária, com algumas causas sendo mais raras, mas em caso de grande suspeita, é preciso investigar prontamente para evitar lesões decorrentes da hipertensão”, explica o especialista.
Colesterol e triglicerídeos
O colesterol alto aumenta o risco vascular. “O colesterol em excesso, sobretudo o LDL, que é a fração vulgarmente chamada de colesterol ruim, acrescenta risco de formar as placas de ateroma, de aterosclerose, que são obstruções nas artérias. O valor ideal varia de pessoa para pessoa, mas é preciso ter acompanhamento médico para fazer o controle. Se a alta da taxa for causada por má alimentação ou sedentarismo, corrigindo esses fatores é possível conseguir redução do colesterol, mas às vezes é preciso usar medicamentos para manter os índices controlados”, ensina ele.
Os triglicerídeos, além de aumentarem o risco cardiovascular, em níveis muito altos, podem apresentar risco de pancreatite. “Junto com o LDL elevado, os triglicerídeos também acrescentam risco de formar placa de ateroma. A boa notícia é que os triglicerídeos respondem muito bem a medidas não farmacológicas, como exercício e dieta”, diz o especialista.
Diabetes
Perrota frisa que o paciente diabético tem um risco muito grande de desenvolver doença cardiovascular, sobretudo doença coronariana, causada pela obstrução dos vasos coronários, assim como dos carotídeos e membros inferiores. “O diabetes pode levar à disfunção vascular. O paciente com diabetes mal controlado é um candidato sério a ter infarto, AVC e outros problemas cardiovasculares”, alerta.
Gordura abdominal
De acordo com o cardiologista, a gordura que se acumula na região da barriga funciona como uma ‘fábrica’ de colesterol ruim. “Ela é capaz de gerar mais partículas densas de LDL, que formam mais placas de ateroma”, afirma. As orientações para combater a chamada obesidade visceral são: atividade física, alimentação adequada, com baixa ingesta de açúcar refinado, alimentos embutidos e processados. Combater o sedentarismo é preciso, mas é importante ressaltar que não adianta fazer qualquer tipo de exercício. Algumas pessoas optam por treinar apenas uma parte do corpo e em excesso, mas acaba tendo lesões. O principal é ter um programa de exercícios adaptado, sem pressa”, adverte ele.
Saúde mental
Combater o estresse é outra medida fundamental para quem quer ficar com o coração saudável. “Eu sei que é difícil, mas associado aos outros fatores de risco, o estresse é uma ‘bomba relógio’. Para mim, o estresse é o mal do século. Eu tenho pacientes que têm uma vida regrada, com boa alimentação e atividade física, mas o estresse ‘engole’ a vida saudável que a pessoa está levando. Isso foi negligenciado por muitos anos, mas é essencial cuidar da saúde mental para a saúde do corpo, como um todo”.
Redação Vida & Tal
Fonte: SB Comunicação.