O Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) procura voluntários para testar um novo método de tratamento contra a depressão. A terapia oferecida gratuitamente, que combina estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) e atividades cognitivas, será aplicada na casa dos participantes por meio de um aparelho conectado ao telefone celular. O estudo com a terapia remota é inédito no Brasil, e a técnica foi testada apenas em um estudo piloto, de pequena escala, no IPq.
“A ETCC é um método aprovado recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e que ainda é pouco usada nos serviços de saúde. Trata-se de uma modalidade indolor e não-invasiva de neuromodulação, na qual o participante fica sentado enquanto recebe a estimulação, que dura 20 minutos”, revelam os pesquisadores.
Segundo os psiquiatras, a ETCC é uma técnica segura, indolor e eficaz para o tratamento da depressão, podendo ser combinada ou não com medicações antidepressivas.
“O princípio básico de ação da ETCC é a aplicação de uma corrente elétrica de intensidade muito baixa, equivalente à corrente de uma pilha comum, através de áreas do cérebro que estão disfuncionais durante os episódios depressivos. O procedimento não é invasivo e não requer anestesia. A ETCC, desta forma, modula positivamente o funcionamento de regiões cerebrais afetadas, podendo acarretar o alívio dos sintomas depressivos”, explicam.
Efeito antidepressivo
De acordo com os pesquisadores, a principal inovação do estudo, em relação a outros estudos com ETCC realizados pela equipe do IPq, é a possibilidade da realização concomitante de atividades cognitivas durante a sessão de ETCC, em ambiente domiciliar.
“As duas modalidades simultâneas podem ter um efeito antidepressivo melhor do que cada uma isoladamente. Outro aspecto interessante do nosso estudo, em tempos de pandemia, é a possibilidade de deslocamento mínimo, com grande parte das avaliações e supervisão através de recursos de telemedicina”, ressaltam.
Quem pode participar?
Os requisitos básicos para participar do estudo são: ter idade entre 18 e 59 anos, diagnóstico de depressão unipolar, sem outros diagnósticos psiquiátricos conflitantes, e sem doenças clínicas graves, por questões de segurança. Aos participantes, é facultado o direito de permanecer em uso de doses estáveis de antidepressivos que já estejam em uso antes de ingressar no estudo.
O estudo está sendo realizado no Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação (SIN) do IPq, sob a coordenação do professor André Brunoni. As pessoas interessadas devem inicialmente responder ao questionário disponível na internet.
“As respostas serão avaliadas e, se houver critérios clínicos e de segurança, os participantes serão convidados a participar de uma videoconferência com nossa equipe de pesquisadores, onde serão confirmados os critérios de inclusão e de segurança, para ingresso no estudo”, afirmam os pesquisadores.
Ainda de acordo com os pesquisadores, “por se tratar de uma pesquisa clínica envolvendo seres humanos, houve aprovação pelo Comitê de Ética do HC, respeitando-se todos os princípios bioéticos e de consentimento livre e esclarecido”.
Redação Vida & Tal
Fonte: Jornal da USP