A vitamina C, o ácido ascórbico, é uma vitamina hidrossolúvel de fundamental importância para o metabolismo humano, uma vez que participa de funções do sistema imunológico aumentando a atividade das células de defesa, responsável pelo combate aos quadros infecciosos – virais e/ou bacterianos. Também participativa nos processos de cicatrização, a vitamina C atua na síntese do colágeno e na manutenção da integridade do tecido conjuntivo, das cartilagens, matriz óssea, dentina, pele e tendões.
Entre suas inúmeras funções, está a aceleração da absorção intestinal de íons de ferro e prevenção da anemia ferropriva. A vitamina C age como antioxidante, eliminando os radicais livres, nutrindo e protegendo as células dos danos causados pelos oxidantes. Alguns estudos têm sugerido que a vitamina C participaria do processo de prevenção da doença ateroscleótica.
Suplementação
Observou-se que fumantes têm menores concentrações séricas de Ácido Ascórbico (Vitamina C) eventualmente necessitando de sua suplementação ou mesmo sua utilização no combate aos oxidantes derivados do cigarro. Uma vez ingerida no organismo, a absorção do Ácido Ascórbico (Vitamina C) ocorre na parte superior do intestino delgado sendo necessária a existência de sódio para a sua absorção. Calcula-se que as reservas corporais totais de Ácido Ascórbico (Vitamina C) cheguem a 3g sendo o Ácido Ascórbico (Vitamina C) eliminado totalmente pela urina quando em excesso no organismo.
Em estudo clínico randomizado, cruzado, envolvendo 21 pacientes que tiveram infarto do miocárdio foram submetidos à dois testes ergométricos, prévio e após receber 2g de Ácido Ascórbico (Vitamina C). Na oportunidade foram avaliadas concentrações de noradrenalina no plasma em repouso e no pico do esforço. No teste ergométrico após a administração de ácido ascórbico, o consumo máximo de oxigênio (VO (2)) melhorou ao longo da linha de base.
O aumento da frequência cardíaca foi significativamente correlacionada com o pico de VO (2) em cada teste. A ingestão da vitamina, antes do exercício, melhorou a resposta ao exercício em pacientes pós-infarto do miocárdio (Kato et al, 2006). Já um estudo clínico prospectivo, com pacientes diagnosticados com resfriado comum que receberam 2g de Vitamina C como 2 comprimidos efervescentes em um copo de água e amostras de sangue tomadas 2 e 4 horas após a medicação, foi identificado um aumento das concentrações de ácido ascórbico no plasma dos pacientes e aumento da sua concentração nos leucócitos das pacientes do sexo feminino (Wilson et al, 1975).
Em outro estudo clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, 57 pacientes idosos internados por infecção respiratória aguda (bronquite e broncopneumonia) foram alocados para receber ou 200 mg de vitamina C (comprimidos de 100mg) por dia ou placebo por 4 semanas. O resultado foi o aumento significativo nos níveis de leucócitos e concentração de vitamina C, mesmo na presença de infecção respiratória aguda. Utilizando um sistema de escore clínico baseado em sintomas principais da doença respiratória, os pacientes suplementados com a vitamina saíram significativamente melhor do que aqueles que receberam placebo. (Hunt et al, 1994)
Recomendação
A vitamina C é indicada nos estados em que há uma deficiência ou aumento das necessidades da vitamina no organismo. Mas a suplementação deve ser recomendada e acompanhada por um médico, nutricionista habilitado. Em geral, a suplementação é utilizada como auxiliar do sistema imunológico, principalmente na presença de infecções, durante a fase de crescimento, quando há dietas restritivas e inadequadas, como auxiliar no combate as anemias, como antioxidante, nos processos de cicatrização e pós-cirúrgicos e em casos de doenças crônicas e convalescença.
Pode ser encontrada nas versões em comprimido efervescente (1g e 500mg), que devem ser completamente dissolvidos em água e administrados via oral. Em comprimido de liberação prolongada, que também deve ser ingerida, preferencialmente pela manhã, com quantidade suficiente de água sem mastigar. Não é recomendado manter o comprimido na boca, tão pouco partido ou mastigado. E por último em solução oral, sendo que as gotas podem ser diluídas em água ou sucos.
Riscos e contraindicações
Como diz o velho ditado “tudo demais é sobra”, por isso a dosagem e o tempo de suplementação deve ser sob orientação médica, uma vez que altas doses por tempo prolongado, pode causar efeitos adversos como escorbuto de rebote, distúrbios digestivos, eritema, cefaleia, aumento da diurese e litíase oxálica ou úrica em pacientes com insuficiência renal e naqueles predispostos à calculose.
Ácido Ascórbico não deve ser utilizado por pacientes com reconhecida hipersensibilidade ao ácido ou a qualquer outro componente do produto. É contraindicado em pacientes com litíase urinária acompanhada por oxalúria, pacientes com insuficiência renal severa e para menores de 10 anos. Também não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica, uma vez que o medicamento passa a barreira placentária, e em caso de excesso durante a gravidez, pode causar sintomas paradoxais de avitaminose em alguns neonatos.
Para pessoas que seguem dietas com restrição de sódio, cada comprimido efervescente de 500 mg e 1 g contém 0,25 g de sódio por comprimido. Já os pacientes com fenilcetonúria, vale ressaltar que os comprimidos efervescente contém fenilalanina e 0,070g de aspartamo por comprimido. Por conter corante amarelo de tartrazina, pode causar reações alérgicas, entre elas asma brônquica, especialmente em pessoas alérgicas ao ácido acetilsalicílico.
Para os diabéticos, o medicamento contém 450 mg de sacarose) e as doses de vitamina C podem interferir nos testes de avaliação da glicosúria sem alterar a glicemia. Nestes casos, a recomendação é interromper o uso do suplemento pelo menos 7 dias antes do exame.
Interação medicamentosa
A administração concomitante com indinavir e doses elevadas de vitamina C reduziram significativamente a concentração sérica de indinavir. E atenção, o uso de mais de 500mg de ácido ascórbico com deferoxamina pode comprometer a função cardíaca. A vitamina C também pode potencializar a ação quelante da desferoxamina. O uso da vitamina C pode alterar o resultado de outros exames de laboratório (sangue oculto nas fezes, desidrogenase lática, transaminases e bilirrubina).