Empresas, mídia e salões propagam diariamente procedimentos novos que visam modificar a estrutura capilar, seja através da alteração da cor dos fios ou pela mudança de sua forma lisa, ondulada ou crespa. Com isto temos no mercado produtos que nos fazem ir contra as programações genéticas que antigamente pareciam nos ter sido impostas. A mudança nos cabelos se tornou algo comum nos dias atuais.
“Se há esse lado bom na autonomia para proporcionar mudanças no visual, em contrapartida, existem os riscos da exposição dos fios a procedimentos que não são capazes de suportar e que, na maioria dos casos, são evitáveis”.
Quem afirma é o médico e tricologista Ademir Leite Júnior. O especialista explica os impactos negativos da falta do protocolo conhecido como o teste de mecha quem, mesmo com o avanço no desenvolvimento de produtos para transformação capilar, não pode ser negligenciado nos salões de cabelereiro.
“Teste da mecha é o nome dado ao procedimento que deveria preceder qualquer aplicação de produtos químicos nos cabelos. Serve para avaliar, em uma mecha, se os cabelos que serão tratados conseguem suportar um procedimento como o que será realizado em todo cabelo. A ideia é a de pegar uma mecha de cabelo e realizar o procedimento apenas nela cerca de dois a três dias antes de aplicar o produto em todos os fios”.
Para quais tipos de cabelos o teste de mecha é necessário?
Segundo o especialista, “é fato que existem cabelos mais fortes e mais fracos. Temos os cabelos mais sensíveis que sofrem com o clima ou situações externas (sol e água de piscina, por exemplo), e ainda os que já passaram por químicas em maior ou menor proporções”.
Para o tricologista, deixar de fazer o teste da mecha, confiando apenas na aparência que o cabelo apresenta ou na textura que o profissional identifica representa correr riscos que são evitáveis.
“Apesar de ser importante o teste da mecha é pouco realizado. Em parte, porque os clientes sempre chegam pensando em fazer o procedimento de uma vez sem verificar se seus cabelos estão em condições para tanto. Soma-se o fato de que a concorrência do mercado faz com que os profissionais optem por correr o risco a perder o cliente para um outro concorrente que faria o procedimento sem o teste prévio”.
Produtos químicos capilares são sempre perigosos?
“Parece ser óbvio que nenhuma marca que se preze colocaria um produto no mercado para vitimar com danos os seus possíveis usuários. Apesar disto, não é fato infrequente encontrarmos vítimas de produtos químicos de uso capilar.
Mas a resposta é não. Perigoso não é o produto químico em si (com as devidas exceções dos proibidos pelas entidades de saúde, em nosso caso a ANVISA), mas a associação destes a cabelos que não tenham condições de suportá-los”,defende o médico.
“Sabendo disso, quais dos cabelos citados poderiam receber químicas sem sofrer danos? Para esta pergunta a resposta é simples: todos ou nenhum deles. Se esta afirmação acabou sendo motivo de espanto é porque você nunca fez ou não conhece o teste da mecha”, complementa.
Assim como a moda, a estética capilar que inclui as transformações nos fios é dinâmica e rica em referências e possibilidades. Então, o teste da mecha não deveria ser visto como um impeditivo para mudanças desejadas pelos clientes e cabelereiros, ao contrário, é uma ferramenta de análise que abre caminho para a criatividade e para a manutenção da saúde capilar no momento em que se diagnostica a possibilidade ou não de realizar um procedimento.
Talvez esteja justamente na aplicação dessas ferramentas de análise e em argumentos corretos com o cliente a chave para o profissional se diferenciar e conquistar a confiança e fidelidade de quem senta diante do espelho para mudar os cabelos.
“Valorizo o conhecimento de muitos profissionais que reconhecem um cabelo forte, sabem a qualidade dos produtos que usam e dominam bem as técnicas de aplicação. Estes quase nunca enfrentam problemas com seus clientes porque têm bom senso e experiência, fazendo o teste da mecha quando acreditam ser necessário. Lembrando que segurança é algo que não tem preço” finaliza Ademir Leite.
Redação Vida & Tal