Nos últimos 14 anos, foram registradas 7.213 amputações de pênis no Brasil, o que corresponde a um aumento de 1.604% no número desses procedimentos, de acordo com dados levantados pelo Ministério da Saúde e divulgados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Em média, foram realizadas 515 cirurgias por ano para remover o órgão genital masculino e o procedimento tem como principal causa o câncer de pênis, que ocorre com maior incidência em homens com idade a partir dos 50, mas também pode atingir os mais jovens.
“O que acontece é que entre a glande (cabeça) e o prepúcio (pele que recobre o órgão) fica uma substância chamada esmegma, que, ao se acumular, pode gerar um processo inflamatório local que leva ao câncer. A doença é mais comum depois dos 50 anos, mas quase sempre como resultado de um acúmulo de hábitos de higiene relapsos durante toda a vida. O importante é espalhar a informação: cuidados simples e diários de higiene podem evitar uma doença agressiva e potencialmente traumatizante”, explica o urologista, cirurgião e membro da Seccional Rio de Janeiro da SBU, José Alexandre Araújo.
Sintomas do câncer de pênis
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a manifestação clínica mais comum do câncer de pênis é uma ferida ou úlcera persistente, ou também uma tumoração localizada na glande, prepúcio ou corpo do pênis. A presença de um desses sinais, associados ao esmegma, pode ser um indicativo de câncer no pênis. Nesses casos, é necessário consultar um especialista. Além da tumoração no pênis, a presença de gânglios inguinais (ínguas na virilha), pode ser sinal de progressão da doença (metástase).
Diagnóstico
Ainda de acordo com o Inca, quando diagnosticado em estágio inicial, o câncer de pênis apresenta elevada taxa de cura. No entanto, mais da metade dos pacientes demora até um ano após as primeiras lesões aparecem para procurar o médico. Todas as lesões ou tumorações penianas, independentemente da presença de fimose (dificuldade ou incapacidade de exposição da glande, por estreitamento da pele), deverão ser avaliadas por um médico, principalmente aquelas de evolução lenta e que não responderam aos tratamentos convencionais. Essas lesões deverão passar por biópsia (retirada de um fragmento de tecido) para análise, quando será dado o diagnóstico final.
Tratamento
O tratamento depende da extensão local do tumor e do comprometimento dos gânglios inguinais (ínguas na virilha). Cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem ser oferecidas. Nas lesões superficiais a realização de postectomia e tratamento local com medicamentos é possível em alguns casos. A cirurgia é o tratamento mais eficaz e frequentemente realizado para controle local da doença.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o crescimento desse tipo de câncer e a posterior amputação total do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem. Por isso, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de cura e menos traumático é o tratamento.
Redação Vida & Tal