Casos em que idosos assumem o cuidado de outros idosos têm sido cada vez mais frequentes. O estudo “Cuidadores do Brasil”, realizado entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, pela Veja Saúde e o Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), entrevistou 2.047 cuidadores familiares (CF) e 487 cuidadores profissionais (CP) de todas as regiões do país. Seis em cada dez cuidadores familiares do levantamento têm mais de 50 anos, e 27% mais de 60 anos.
Paralelamente, a profissão de Cuidador de Idosos alcançou um crescimento de 547% em uma década. Dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho mostraram que entre 2007 e 2017, o número de profissionais regularmente empregados passou de 5.263 para 34.051.
De acordo com Pedro Henrique Santos, docente do curso de Cuidador de Idosos do Senac, é representativo o número de alunos com mais de 50 anos que procura essa capacitação. “Aproximadamente, entre 15% e 20% dos alunos em cada turma têm acima de 50 anos de idade. Geralmente, são profissionais que já atuam como cuidadores ou que estão em busca de recolocação no mercado. Há também quem busca aprendizado para cuidar dos pais ou avós idosos”, afirma.
Aluna do curso de Cuidador de Idosos da unidade do Senac de Betim, Vitoria Vieira, de 61 anos, explica que buscou o curso como uma alternativa profissional. “Sou boa em cuidar de pessoas, então resolvi me aperfeiçoar profissionalmente”. A estudante destaca que gostou muito do curso e que a experiência tem sido gratificante. “Abre um leque de conhecimento muito grande. Não só para idosos, mais cuidado com pessoas”. Vitória evidencia que o curso contribuiu para identificar o seu preconceito com a palavra idoso. “Sempre questionei o preconceito da sociedade contra pessoas de 60 anos e que estou sofrendo na pele. O curso me mostrou isto, além dos cuidados básicos, dos direitos e deveres dos cuidadores e o direito dos idosos.”
Pedro Henrique ressalta que as perspectivas de mercado de trabalho para Cuidador de Idosos são promissoras. “Com o crescimento significativo da população de idosos no Brasil, precisaremos cada vez de pessoas com habilidades e competências para exercer o cuidar.”
Envelhecimento da população brasileira
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a tendência de envelhecimento da população vem se mantendo e o número de pessoas com mais de 60 anos no país já é superior ao de crianças com até 9 anos de idade.
Segundo o IBGE, 35% das pessoas com mais de 60 anos continuam trabalhando. Eles contribuem financeiramente com o orçamento da casa e consomem produtos e serviços. Ainda de acordo com dados da entidade, o Brasil conta hoje com 32,4 milhões de pessoas com mais de 55 anos. Em 20 anos serão 60,6 milhões. E a expectativa de vida do brasileiro chegará a 80 anos de idade, em 2040.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, em outubro de 2021, projeções populacionais, no período de 2010 a 2100. O levantamento aponta para o evidente o processo de envelhecimento populacional, o que indica que a mudança da estrutura etária no país é inevitável. A proporção de idosos, que em 2010 era de 7,3%, pode chegar a 40,3% em 2100; enquanto que o percentual de jovens (com menos de 15 anos) pode cair de 24,7% para 9%.
Nesse cenário, a expectativa é de que o número de pessoas com 65 anos ou mais pode praticamente triplicar, chegando a 58,2 milhões em 2060 – o equivalente a 25,5% da população.
Curso de Cuidador de Idosos
O curso é voltado para quem deseja zelar pela promoção da saúde, bem-estar e autoestima da pessoa idosa. O aluno aprende a prevenir riscos e estimular sua autonomia e independência, atuando junto a uma equipe profissional.
O docente Pedro Henrique Santos informa as habilidades e competências que são desenvolvidas durante o curso. “Temos, em nossa trilha formativa, um currículo que busca proporcionar ao aluno habilidades e competências voltadas para o fazer prático com base em conhecimentos técnico científicos. O estudante se desenvolve com uma visão baseada nos processos ação-reflexão-ação. E traz consigo toda a bagagem de conhecimento prévio, para que durante a formação possamos seguir de maneira reflexiva na construção de novos saberes e novas ações já mais refinadas. Durante o curso, também possibilitamos que os participantes desenvolvam perspectivas e olhar empreendedor.”
Redação Vida & Tal
Fonte: Ascom/ Senac Minas.