Revelar a prevalência de sintomas de transtornos de ansiedade e depressão, e seus fatores associados, dos estudantes universitários do estado. Esse é o objetivo da pesquisa que reúne oito universidades federais de Minas Gerais.
A iniciativa ainda pretende auxiliar na implementação de políticas públicas específicas de acolhimento e promoção da saúde mental. O questionário, disponível on-line e autoaplicável, já está disponível e pode ser respondido pelos estudantes dos cursos de graduação.
A coordenação-geral do trabalho multicêntrico é realizada pela Escola de Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto. De acordo com responsável pela coordenação da pesquisa na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Luciana Saraiva da Silva, docente da Faculdade de Medicina (Famed), os transtornos mentais atingem 25% da população, em alguma fase da vida, reunindo quatro das dez principais causas de incapacidade em todo o mundo.
“Esses transtornos são altamente prevalentes e afetam o humor e sentimentos das pessoas acometidas, ou seja, altera o modo de se ver o mundo, a realidade, influenciando nas emoções, disposição e no modo de vida em geral”, revela.
Ainda de acordo com Saraiva, dados de 2015 da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 322 milhões de pessoas (4,4% da população mundial) são depressivas, enquanto 264 milhões de pessoas (3,6% da população mundial) apresentam transtornos de ansiedade.
Conforme a publicação pela Diretoria de Comunicação Social da UFU, os números fazem com que os transtornos de ansiedade e de depressão sejam reconhecidos como problemas de saúde pública, comprometendo as atividades cotidianas do indivíduo, principalmente as relações sociais.
Entrei para a universidade, e agora?
A professora da Famed cita diversos desafios encontrados pelos estudantes ao ingressar na universidade:
– estudar diferentemente da forma como se preparou para o vestibular;
– uma nova relação professor-estudante;
– falar em público (por exemplo, apresentar seminários);
– estabelecer novos vínculos sociais;
– dividir moradia com outras pessoas, por vezes desconhecidas e negociar divisão de tarefas (repúblicas);
– cuidar de si mesmo e dos próprios pertences;
– ficar longe da família, de amigos(as) e namorado(a);
– administrar renda e trabalhar para se sustentar.
“Embora muitos universitários passem por essa fase de modo saudável, os desafios enfrentados pelos estudantes podem agravar problemas de saúde mental já existentes ou aumentar a probabilidade de eles ocorrerem. Contudo, estudos internacionais têm sugerido aumento na prevalência de sintomas depressivos e outras condições psicológicas entre estudantes universitários. Porém, são estudos com populações pequenas e de cursos específicos, motivando a realização deste estudo”, ressalta a coordenadora.
Silva também chama a atenção para o fato de que, embora a ansiedade e a depressão sejam transtornos mentais comuns entre estudantes universitários, pouco se conhece sobre sua distribuição e sua relação com os comportamentos e contextos desse público.
“Portanto, para a Saúde Coletiva no Brasil, este estudo poderá oferecer evidências científicas quanto à prevalência e fatores associados aos sintomas nessa população e assim fornecer informações válidas e representativas para a construção de diretrizes para saúde mental, especificamente de prevenção da ansiedade e depressão na população universitária”, complementa.
De acordo com a UFU, o objetivo é reduzir ou minimizar o comprometimento da vida acadêmica, a partir do planejamento de intervenções que diminuam a evasão ou atraso na vida acadêmica dos estudantes da graduação.
O estudo também está sendo desenvolvido em outras seis universidades federais: de Minas Gerais (UFMG), de Juiz de Fora (UFJF), de São João del-Rei (UFSJ), de Lavras (Ufla), de Alfenas (Unifal) e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Sigilo
O questionário ficará disponível para respostas até dezembro de 2021. Após a análise dos dados, que ocorrerá entre março e junho de 2022, os resultados serão divulgados em formato acessível aos participantes da pesquisa via e-mail, além de divulgação na página do Projeto PADu no instagram (@padufederais). Está prevista, também, a publicação de artigos científicos sobre o trabalho em revistas nacionais e/ou internacionais da área.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFU (CAAE: 43027421.3.2001.5152). Conforme destaca a coordenação, as informações obtidas serão confidenciais e os dados serão mantidos em sigilo.
Redação Vida & Tal
Fonte: Portal Comunica UFU/ Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU).