Uma nova pesquisa da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, aponta que o autismo afeta de uma forma diferente meninos e meninas. De acordo com o estudo, publicado online em 15 de fevereiro no The British Journal of Psychiatry, existe uma camuflagem dos sintomas do autismo em meninas, o que dificulta o diagnóstico e, consequentemente, retarda o tratamento.
De acordo com a pesquisa, a maior parte dos estudos sobre a doença tem maior foco em homens, o que dificulta o diagnóstico do autismo em mulheres. E, no caso do espectro autista, quanto mais cedo o início do tratamento, mais fácil se darão os estímulos sociais e cognitivos.
Os pesquisadores analisaram diversos exames cerebrais dos dois sexos e puderam concluir que as meninas tinham padrões de conectividade diferentes dos meninos em vários centros cerebrais, incluindo sistemas de atenção motora, linguística e viso espacial.
“Antigamente o autismo na mulher só era diagnosticado no grau severo. As mulheres possuem uma grande capacidade adaptativa e algumas vezes conseguem melhorar alguns sintomas mesmo sem tratamento, fazendo com que elas sejam menos diagnosticadas”, destaca a neurologista Thais Demarco.
“Nós detectamos diferenças significativas entre os cérebros de meninos e meninas com autismo e obtivemos previsões individualizadas de sintomas clínicos em meninas”, disse o autor sênior do estudo, Vinod Menon, PhD, professor de psiquiatria e ciências comportamentais e Rachael L. e Walter F. Nichols, MD, Professor. “Sabemos que a camuflagem dos sintomas é um grande desafio no diagnóstico do autismo em meninas, resultando em atrasos no diagnóstico e no tratamento.”
As meninas com autismo geralmente têm menos comportamentos repetitivos do que os meninos, o que pode contribuir para atrasos no diagnóstico, disseram os pesquisadores.
“Saber que homens e mulheres não se apresentam da mesma maneira, tanto comportamental quanto neurologicamente, é muito convincente”, disse Lawrence Fung , MD, PhD, professor assistente de psiquiatria e ciências comportamentais, que não foi autor do estudo.
Fung trata pessoas com autismo na Stanford Children’s Health , incluindo meninas e mulheres com diagnósticos tardios. Muitos tratamentos de autismo funcionam melhor durante os anos pré-escolares, quando os centros motores e de linguagem do cérebro estão se desenvolvendo, revela o PhD.
Redação Vida & Tal
Fonte: Stanford Medicine.