Desde 2014, o “Janeiro Branco” tem chamado a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à Saúde Mental e Emocional das pessoas e das instituições humanas. Em sua oitava edição, a campanha, criada por um grupo de psicólogos de Uberlândia (MG), faz referência ao primeiro mês do ano, reservado como uma “página em branco” para novas práticas, novos desafios e metas, após uma temporada de reflexões e balanços das ações individuais.
Durante todo o Janeiro Branco são realizadas palestras, oficinas, cursos, workshops, caminhadas, rodas de conversa e abordagem de pessoas em ruas, praças, igrejas, shoppings, hospitais, entre outros, mas em função da pandemia pelo novo Coronavírus, este ano a campanha tem priorizado espaços abertos e meios online.
Para chamar a atenção sobre o tema e reforçar a importância dos cuidados, em especial no contexto vivido em decorrência das atuais circunstâncias, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) destaca informações relevantes.
De acordo com estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo (9,3%) e o segundo maior das Américas em depressão (5,8%). A saúde mental representa mais de 1/3 da incapacidade total no mundo, com transtornos depressivos e ansiosos como maiores causas, os quais respondem, respectivamente, pela 5ª e 6ª causas de anos de vida vividos com incapacidade no Brasil.
Ainda segundo a OPAS, entre 35% e 50% das pessoas com transtornos mentais em países de alta renda não recebem tratamento adequado e, nos países de baixa e média renda, o percentual é ainda maior, ficando entre 76% e 85%.
A saúde mental também causa reflexos no desenvolvimento econômico, sendo a segunda causa de afastamento laboral, gerando ainda grande estigma pessoal de incapacidade – especialmente com o advento da pandemia do novo Coronavírus. O órgão também aponta para o resultado de uma pesquisa da UERJ, que demonstrou uma duplicação nos casos de depressão no período de quarentena e que ocorrências de ansiedade e estresse tiveram aumento de 80%, causadas pelas incertezas trazidas pela pandemia, e as mudanças impostas pelo isolamento social.
Esses dados demonstram a relevância de se ampliar o debate e as estratégias para enfrentamento desse panorama, sendo também um desafio para a saúde suplementar. No Brasil, em 2019, os beneficiários de planos de saúde realizaram cerca de 29 milhões de procedimentos relacionados ao cuidado em saúde mental, um crescimento de aproximadamente 167% em relação ao número realizado em 2011.
Cuidados e recomendações da Fiocruz
A Fiocruz lançou uma série de cartilhas com recomendações para o enfrentamento dos desafios à saúde mental e atenção psicossocial no contexto da pandemia. Nas publicações, destinadas a grupos específicos como trabalhadores dos serviços de saúde, gestores, psicólogos hospitalares, crianças, cuidadores de idosos, são descritas, por exemplo, reações comportamentais mais frequentes, danos psicológicos oriundos do confinamento e apresentam dicas sobre o uso de medicamentos e consumo excessivo de informações. Confira:
– Reconheça e acolha seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar;
– Retome estratégias e ferramentas de cuidado que tenha usado em momentos de crise ou sofrimento e ações que trouxeram sensação de maior estabilidade emocional;
– Invista em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, habilidades manuais);
– Se você estiver trabalhando durante a epidemia, fique atento a suas necessidades básicas, garantindo pausas sistemáticas durante o trabalho (se possível em um local calmo e relaxante) e entre os turnos.
– Invista e estimule ações compartilhadas de cuidado, evocando a sensação de pertencimento social (como as ações solidárias e de cuidado familiar e comunitário)
– Mantenha ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, com familiares, amigos e colegas;
– Evite o uso do cigarro, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções;
– Busque um profissional de saúde quando as estratégias utilizadas não estiverem sendo suficientes para sua estabilização emocional;
– Busque fontes confiáveis de informação e reduza o tempo que passa assistindo ou ouvindo coberturas midiáticas.
Redação Vida & Tal
Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar e Campanha Janeiro Branco